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quarta-feira, 30 de julho de 2003

Vargas Llosa & Sttau Monteiro

O DN de Domingo passado falava destes dois, que fisicamente têm fortes semelhanças. Curioso, são escritores dos meus preferidos, que me deixaram marcas, que não passaram nem com os muitos anos de exposição ao sol. Descobri primeiro o Luís de Sttau Monteiro, ainda nos anos 60. O humor corrosivo que punha na escrita, visível logo nos próprios títulos dos livros – Um Homem Não Chora, Angústia para o Jantar, Todos os Anos pela Primavera, ... – era importante para alimentar a esperança de quem precisava, então, dela. O Mário Vargas Llosa, conheci-o em 73 através do livro Conversa na Catedral. Um dos mais absorventes que li até hoje. Não sei o que mais me interessou no livro, se foi a forma da escrita, diálogos cruzados a requerer uma concentração muito forte, se o tema, os jogos da política no Peru. Este último aspecto e a forma como ele o trata, não me deixou, aliás, perceber, como é que ele foi, mais recentemente, candidato a Presidente da República deste país. Mas parece que ficou curado.

segunda-feira, 28 de julho de 2003

Declaração

Não sei bem para quê nem para quando. Mas pode ajudar. Sou casado com uma pessoa do sexo diferente do meu, tenho dois filhos e filho de agricultor, com o sentido que esta profissão tinha nos anos quarenta (qual seria a cor do anel de curso?). Mesmo que seja de interesse nacional não autorizo que esta informação se torne notícia nos média (ou mídia?).

quarta-feira, 23 de julho de 2003

Os direitos da terceira idade

A fila nasceu ordeira atrás da velha senhora. À saída, na manga do avião, esperava-a uma cadeira de rodas e um possante e diligente rapaz que a iria conduzir até à saída do aeroporto. Impossível ultrapassá-la sem dar um encontrão desequilibrador no par cadeira senhora. Assim, os muitos passageiros eram companhia forçada, pelo ritmo que ela impunha. O funcionário ainda forçou o ritmo, imprimindo mais vigor à marcha, mas em vão, os protestos dela retiraram qualquer veleidade à tentativa e repuseram a calma à marcha enervante. Prioridades são isso: prioridades. O jovem corpulento lá seguia por corredores e rampas até às bagagens e daí até ao autocarro da Air France. No autocarro voltou a formar-se outro aglomerado na porta de entrada que era estreita para a cadeira. O peso pesado do corpo longo e inerte não ajudava. Não havia voluntários, que ajudassem, entre os passageiros maçados pela viagem de horas. Tentei furar a (des)ordem, em vão e sofri o vexame da invectiva da senhora. Que era uma falta de solidariedade, ela ali a tentar resolver e nós – eu - a criar obstrução. Quando finalmente o autocarro se pôs em marcha tinham passado quinze minutos sobre o horário da partida. Respeitáveis quinze minutos. O espanto abateu-se fulminante sobre todos quando, na paragem em Montparnasse, a dita senhora se levantou, resoluta e determinada, carregou sozinha duas malas descomunais e ensaiou uma corrida para a estação de comboio. Poupando-se assim ultrapassará, decerto, Matusalém!

quinta-feira, 17 de julho de 2003

As moscas em contra-ciclo

Almocei e jantei em retaurantes no mesmo dia. Por dever de ofício que os tempo vão maus para tanta mordomia. O almoço foi num restaurante de bairro, gama média baixa, com lugares para cerca de oitenta pessoa. Estavam penas tês almas, o resto vazio. Estava às moscas. O jantar foi num restaurante da gama média alta, com três confortáveis salas, mas a ocupação estava a uns dez por cento. Estava às moscas. A crise é a mesma as moscas é que, eventualmente, eram outras.

terça-feira, 15 de julho de 2003

Perdidos e achados

Era um serviço ca CARRIS, eficiente, que funcionava no alto do Elevador de Santa Justa. Não sei se ainda existe. E se existe se é lá. Aproveitáva-se para ver Lisboa lá do alto. E com um bocado de sorte podia-se ouvir Chopin interpretado pela Banda da CARRIS que ensaiava logo ao lado.
Isto a propósito de quem perde coisas nos transportes públicos. Mas normalmente quem anda nos transportes públicos perde coisas sem grande valor. Quem perde coisas de muito valor anda de Volvo ou Mercedez.

segunda-feira, 14 de julho de 2003

Na rua

Não estamos na China, não gosto que me sigas a essa distância!
Gritava ela, anafada, banana no cabelo, autoritária, olhando para tráz. Não era fácil adivinhar para quem falava ela, nas imediações não seguia ninguém. Parou e esperou um bom bocado. Fiquei para ver. Arrastando uma perna e com um dos braços colado ao peito em feitio de z, dobrando a esquina, vinha um homem na casa dos cinquenta. Andava com grande dificuldade e movimentos desconexos. Sería o marido e percebi ainda que o tom autoritário com que ela lhe gritava não era ensaiado! Só não cheguei a saber se a intenção era de estímulo ou de o derrota. Mas a mão sem movimento, ponta do z, espalmada na cara escondia o vexame. A trombose dele sería recente, o mau génia dela era, seguramente, congénito.

quarta-feira, 9 de julho de 2003

Onde está o Wally?

Lembram-se destes livrinhos em que o Wally estava sempre entre a multidão, nas mais incríveis situações, mas era sempre identificável? Só era preciso atenção (olhai bem, porém vede!). Provávelmente vocês são tão antigos, não digo velhos, que nunca tiveram o gozo de passar horas a descobrir o Wally, na vossa meninice. Vem isto a propósito da pergunta que alguns amigos me fazem chegar: onde andas? Ando a arrumar ideias e a arrumar livros e papelada. Nada de misterioso. E contem que vou aparecendo.

sexta-feira, 4 de julho de 2003

O Matateu

Na década de 50 a escola primária era um lugar de terror, geralmente falando. E não me refiro apenas à decoração standard que todas as escolas seguiam, retrato - cruz - retrato.
Os professores eram tanto mais prestigiados quanto mais reguadas e ponteiradas distribuíam pelos putos. E de nada servia protestar em casa, porque isso poderia significar "comer ainda mais". Os pais, não gostavam de ser confrontados com o mau desempenho dos filhos e na escola mandava o professor, pois!
A minha turma, da primeira à quarta classe manteve um perfil homogéneo. Estava na média. Ainda assim, raro era o dia em que não eram agraciada com bárbaras reguadas nas costas das mãos (será por isso o meu reumático?). Do grupo, com um comportamento a atirar para o delinquente, destoava o Matateu, chamado assim pela tez escura, contudo muito mais clara do que a do jogador do Belenenses que o "apadrinhou".
O Matateu fazia voar tinteiros em direcção à cabeça de quem via concentrado, espetava os aparos nas costas do desgraçado da frente, rasgava cadernos e levava frequentemente a professora aos limites da desorientação. Raramente era castigado. Ao invés, a professora prometia e dava-lhe, rebuçados se ele se portasse bem!
E este é o paradoxo de tudo isto, muito semelhante ao que se passa hoje nas organizações. Os que normalmente cumprem e de vez em quando têm um deslize, são prejudicados. Os Matateus deste mundo, nas raras vezes em que estão em linha com a razoabilidade, são agraciados.

Já alguma vez levaste com o efeito Matateu? Eu muitas!

quarta-feira, 2 de julho de 2003

I’ve learned

I've learned -
that you cannot make someone love you.
All you can do is be someone who can be loved.
The rest is up to them.

I've learned -
that no matter how much I care,
some people just don't care back.

I've learned -
that it takes years to build up trust,
and only seconds to destroy it.

I've learned -
that it's not what you have in your life
but who you have in your life that counts.

I've learned -
that you can get by on charm for about fifteen minutes.
After that, you'd better know something.

I've learned -
that you shouldn't compare yourself to the best others can do
but to the best you can do.

I've learned -
that it's not what happens to people that's important.
It's what they do about it.

I've learned -
that you can do something in an instant
that will give you heartache for life.

O texto não é meu. A Helena e a Ana fizeram-mo chegar. Já agora agradecia-lhes que me enviássem o nome do autor.

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