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terça-feira, 30 de setembro de 2003

Paragem.
Desço aqui, hoje. Por razões várias decidi, há tempo, que por esta altura mudaria de rumo. Decisão tomada, decisão consumada. Por motivos diversos viremos a encontrar-nos, estou certo, noutras paragens e ou noutros percursos. Há quem diga que, pelo menos a prazo, isso é mais que provável.
O tempo que passei convosco foi de excepção. Indizível num pequeno texto como este sem entrar em lugares comuns. Quem comigo fez equipa, nestes anos, sabe que fiz questão de passar o que sabia, procurei acordar objectivos justos, apoiei quanto pude nos projectos e carreiras e que me esforcei por ser justo na avaliação do desempenho profissional. Mas como nem sempre coincidem a forma e o fundo, pelas falhas não remediadas fica o meu pedido de compreensão aos prejudicados.
Tudo considerado, o saldo final é muito positivo, tanto que sobreleva questões menores que aqui e ali foram surgindo. Se outra prova, do que digo não houvesse, os muitos amigos e contactos que ganhei, na PWC, na IBM e na comunidade dos negócios, aí estão para o atestar.
Finalmente quero referir que fico ao dispor, como sempre estive, para apoiar no que entenderem. Agora, como no passado, mesmo o recente, a minha porta estará sempre franqueada: basta usar o e-mail que encima este blog (de clique directo para quem usa o Outlook) para me contactarem. Eu vou aparecendo aqui, pelo blog, numa base (quase) diária. Para contar coisas do quotidiano que têm que ver com consultoria.
Bem hajam.

sábado, 27 de setembro de 2003

Sábado de Outono

Passada que foi uma semana banal, a novidade de relevo é tão só a ordenaçãoo das escolas, a ní­vel nacional, publicada pelo jornal Expresso. De supetão haverá escolas que ficam com fama e fila de espera e outras que se irão despovoar. O mercado chegou ao ensino, ou já tinha chegado? A disputa entre público e privado no ensino secundário é de sempre. Os resultados mostraram, agora, que o que os separa são umas (uma?) décimas.

Serra da Lousã, ainda com vegetação



quarta-feira, 24 de setembro de 2003

Nem sempre pagando mais se consegue os melhores resultados.

Um académico de profissão, precisava de encontrar um local onde se pudesse refugiar para trabalhar na sua tese de doutoramento. As características do sítio a escolher deveriam incluir, sossego, ser perto de Lisboa, preço não elevado. Procurou, insistiu e encontrou. Palmela, junto ao largo da Igreja.
A altura em que fechou o negócio com o dono da casa, ajudou. Domingo de Outono, quatro da tarde, sol a declinar, uma brisa revigorante e muita luz. Mas sobretudo silêncio, condição mais que importante para a decisão.
No primeiro dia em que se propunha usar o novo paraíso chegou cedo, pelas oito horas, arrumou livros, ligou computador, deu uma volta pelas redondezas, tomou café numa lojinha que dá para o largo. Entrou em casa, instalou-se e começou a trabalhar. Por pouco tempo, porque um grupo de rapazes, de súbito, invadiu o largo da Igreja e iniciou um barulhento jogo de bola. Foi-se a concentração e entrou em pânico, o seu silêncio estava a ir-se. Como bom académico, acalmou-se e iniciou uma reflexão que o ajudasse a resolver este inesperado contratempo. Encontrou rapidamente uma estratégia. Chamou o grupo dos estridentes jogadores, elogiou-os profusamente, que jogavam muito bem, que o desporto fazia bem, que era saudável. Como prova de tão atinado acto até lhes deu vinte euros. Como se pode adivinhar, no dia seguinte lá estava o grupo pronto para mais um joguinho, coisa que o académico esperava. Bateram-lhe à porta, informaram-no que iam jogar e lá levaram os vinte euros de recompensa. Isto foi-se repetindo, até que o académico lhes comunicou, um dia, que não tinha vinte euros, o máximo que lhes podia oferecer eram dez euros. Ficaram irritados, mas resolveram rapidamente a questão, assim só jogavam metade do tempo habitual. O académico fez o discurso do oportunismo da situação, que temos de ser uns para os outros, mas disse-lhes que aceitava a posição deles. No dia seguinte a situação ganhou contornos ainda mais radicais. O profe informou, em tom desalentado, que se lhe tinha acabado o dinheiro. Irados, revoltados e à medida que se afastavam, iam vociferando, entre impropérios pouco cristãos, que assim não jogavam mais. E não voltaram a aparecer no terreiro, pelo menos até ao final do trabalho do profe, que em poucos dias conseguiu resolver a questão: ganhar o seu silêncio, pagando cada vez menos.

terça-feira, 23 de setembro de 2003

O Relatório Mackinsey

Não conheço os detalhes, conheço as grandes conclusões.
Não conheço a estrutura do relatório, conheço o modelo.
Não conheço o timing de cada delivery, mas o zénite é em 2010. Como normalmente as conclusões e o calendário dependem de pressupostos (macroeconómicos, geoestratégicos e outros exógenos), comportamentos (poupança, consumos, migrações,...) e decisões da superestrutura, portuguesa e europeia (impostos, incentivos, educação,...), se os resultados não forem os que se apontam, é porque pelo menos uma das variáveis falhou. Não é fácil conseguir orquestrador para tudo isto!


segunda-feira, 22 de setembro de 2003

Férias, direito recente.

A propósito de férias, que já terminaram para muita pena nossa.
Estive a rever uns documentos antigos sobre o assunto e a importância que tinha nos idos anos de 60. O meu primeiro emprego, em 1965, concedia as seguintes regalias, no que toca a férias:
- 2 dias no primeiro ano
- 7 dias no segundo ano
- 14 dias no terceiro e seguintes.
Devo acrescentar que a Empresa era uma das mais prestigiadas do país.


quinta-feira, 18 de setembro de 2003

Há almoços à borla.

Línguas não era o forte dele. Via os filmes mexicanos de cowboys (ou cóbois) no Olímpia, antes da ultima segmentação que ditou o fecho deste cinema, e imitava o castelhano, mistura de pronúncia do norte com a do palhaço pobre. Contudo namorava, por carta, com uma francesa. As cartas eram escritas por colegas de trabalho, ora um ora outro. E quando chegavam as respostas alguém lhe fazia a tradução. O Manel era o melhor e o preferido. Porque sabia bem francês e exagerava as traduções acrescentando beijos e outras coisas que não vinham no texto. Ingénuo, o nosso homem nunca pedia segunda leitura.
Numa dessas traduções o Manel inventou uma viagem dela a Portugal. O nosso homem ficou estarrecido. E agora como é? Claro que o Manel se ofereceu para o substituir. Que não, isso não era ético. A solução que escolheu era aprender os rudimentos de francês que lhe permitissem sobreviver. Mas como? Reunido o comité de tradutores, a solução já pré-estabelecida foi a de à hora de almoço o Manel dar explicações ao nosso homem. Preço: irrisório, apenas o custo do almoço. E foi assim que durante Maio e Junho o Manel conheceu alguns dos bons restaurantes, gama média, de Lisboa. Aqueles povoados de homens de gravatas às riscas.
Entretanto a data de chegada da amada estava perto. Chegou o dia: chegaria de noite, não era necessário ir buscá-la ao Aeroporto, ficaria no Palace dos Restauradores. Na tarde a seguir à chegada finalmente poderiam cair nos braços um do outro. Diziam as traduções forjadíssimas das últimas cartas, seguindo a linha traçada pela comissão de tradutores.
Como a visita era uma invenção, havia que resolver a questão do fim da peça, sem causar bernarda. O nosso homem era violento e se descobrisse que os factos eram forjados haveria sangue, de certeza. Por volta do meio dia do dia posterior ao da chegada virtual, o nosso homem recebe um telegrama dizendo: por motivos familiares regresso a Paris imediatamente. Pormenores chegarão na próxima carta. Até hoje.
Com benefício exclusivamente para o Manel, que, verdade seja dita, foi também quem correu mais riscos. Decorria o ano de 1965. Tínhamos todos à volta de 17 anos.
Coisas da Internet dos anos 60.

sábado, 13 de setembro de 2003

Viagem adiada: Berlim pode esperar.

O 11/9 foi, é, uma tragédia de consequências difíceis de controlar e determinar. Ainda hoje estaremos a sentir alguns dos seus efeitos. A onda provocada por uma pedrada num charco vai-se desvanecendo, mas é impossível conhecer o ponto exacto em que acaba. Estávamos com o check-in feito e já tinha sido feita a primeira chamada para o embarque, naquele tom monocórdico dos aeroportos. Partíamos de Lisboa para Berlim, com escala em Zurique, com o cliente e os seus assessores americanos. O cliente e os assessores estavam atrasados. Telefonaram, tarde, a dizer que iam no próximo vôo. O meu telemóvel desatou a receber mensagens sms. Era o meu filho. Resolvi que as leria em Zurique. O ambiente no Aeroporto alterou-se rapidamente. Pessoas a desistir de embarcar eram muitas e o cancelamento de voos crescia. Leio então as mensagens do meu filho e tomo pela primeira vez conhecimento da loucura em que o mundo estava a mergulhar. Ligo-lhe e por telemóvel tenho o relato, em directo, do embate do avião na segunda torre. Embarcamos, não embarcamos? Este era o negócio da nossa vida e esta a última tarefa para assinarmos o mais importante contrato dos últimos anos. Embarcamos. Embarcámos.
Depois. Depois, foi o contacto com caos do aeroporto de Zurique, à chegada. Histeria e correria. Desistências e berros nas filas de saída. Entrámos directamente para a sala de embarque do avião em que tínhamos chegado. Beneficiando das muitas desistências, voltámos para Lisboa no avião quase vazio.
O cliente jamais foi o mesmo. O negócio nunca mais recuperou. A firma deixou de ser. A economia definha, apesar dos tratamentos intensivos. Hoje somos estes.
Talvez por pudor, nunca falámos do jantar que tínhamos planeado para Berlim. Não é Xico?

quarta-feira, 10 de setembro de 2003

Temos peditório em breve

Vão dificeis os tempos. Que o diga o esforçado operário que teve de serrar o corrimão das escadas exteriores do Metro na Rotunda, do lado da entrada da Braancamp para o seu quinhão diário. Provavelmente não encontrou à mão de semear nenhuma daquelas réguas de alumínio que desaparecem das placas da sinalética das estradas e por isso deitou mão a uma coisa mais rentável, vai de se aboletar com uns metros do cobre do corrimão. Descia eu placidamente as escadas quando me faltou o apoio da mão esquerda, por vários metros o tubo de cobre tinha-se evaporado. Incrédulo voltei atrás para me certificar se o Marquês de Pombal ainda estaria no pedestral. Estava! Não garanto é se a cabeleira, postiça de origem, não será já de plástico.

segunda-feira, 8 de setembro de 2003

Luta e desistência

Dois ratinhos caiem numa tigela de natas. Um deles desistiu de lutar e afogou-se, o outro lutou tanto que transformou as natas em manteiga. Portanto a conclusão é simples, construtiva, pedagógica e clara.
A frase, herdada do pai, é o lema de Frank William Abagnale Jr. (Leonardo DiCaprio), que a diz várias vezes no filme de Spielberg “Catch me if you can”. Como quase toda as estórias com moral, tem por detrás um erro fundamental: a maioria dos ratinhos não cai em tigelas de natas.

quinta-feira, 4 de setembro de 2003

Pai herói

Ele: maduro, experiente, (ins)consciente q.b. nas coisas do feminino, bem na vida;
Ela: naíve, oscilando entre o pecado e a virtude, comtemplativa, dada à investigação social.
A situação: conhecem-se há algum tempo. Livres, ambos, decidem experimentar o pecado (original). Repetem. O resultado está quase à vista: o volume da cintura dela está em aumento. Decidem que deveríam casar, forma de cumprir com a religiosidade dela. Com esta decisão começam as dúvidas, dela. Ele, eivado de pragmatismo não tem grandes dúvidas nem paciência para interrogações do tipo terei perfil?
As estratégias possíveis para sair da situação são as que resultam da combinação de casar ou não casar com ir ou não a Badajós. E se a matriz só tem quatro entradas, as consequências são imensas em cada uma das intercepções.
Conclusão: Como a solução não é fácil, ele propõe-se revisitar o problema lá para depois das vindimas. Baco pode ajudar, ou o problema será de outro tipo?

terça-feira, 2 de setembro de 2003

A Bolsa e a Vida
Há boas notícias para a Economia Portuguesa e para já para os jogadores, investidores e especuladores: as bolsas estão a subir. O PSI 20 da Euronext Lisboa tem vindo a vencer a barreira psicológica dos 6000 pontos, 0 que já não acontecia há meses. Como se costuma acreditar que o mercado de capitais se adianta à economia, em geral, cerca de dois meses... talvez seja desta.

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