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domingo, 28 de dezembro de 2003

Investimento estrangeiro

Investimento estrangeiro, venha todo menos o espanhol. Há excepções, mas os exemplos conhecidos são tantos que são a regra. Comprar, fechar a produção, fazer mais valias com o imobiliário, ficar com a distribuição e passar a decisão para Barcelona ou Madrid. É isto investimento? Com este valor acrescentado bem pode o PIB Português esperar por D. Sebastião.

CRM o quê?

Ou escolhem todos o mesmo ou não sirvo”. Com esta sentença o empregado do Mandarim em Coimbra ditava o menu do nosso almoço naquele dia de Fevereiro de 1987.
Éramos cinco consultores, envolvidos num trabalho para o Ministério da Saúde. A nossa acção envolvia a ARS e alguns hospitais de Coimbra, entre outros. Aproveitávamos a hora de almoço para afinar a estratégia e planear as vinte e quatro horas seguintes. Escolhíamos restaurantes discretos e com alguma qualidade. Naquele dia foi o Mandarim. Cada um de nós cinco pediu um prato diferente, como diferentes éramos e desigual era o nosso apetite. Seguiu-se uma cena próxima de um filme italiano. O empregado de mesa, durante um tempo que a fome ampliou, andava em passada militar, entre a cozinha e a porta da rua, até que se decidiu fazer um quarto de volta e avançar para nós. Ditou a frase que rapidamente iria conseguir pôr os cinco de acordo: o cozinheiro não está para fazer um prato para cada um, ou escolhem todos o mesmo ou não sirvo. A escolha unanime, forçada, foi para um anódino bife com batatas de pacote e o Mandarim riscado da nossa logística. Pensámos usar esta receita nas conclusões do Trabalho, mas o Cliente era bastante mais exigente.


quinta-feira, 11 de dezembro de 2003

Três - slides - três

Lisboa, Benfica, num domingo comum de 1969, o acólito com uma expressão de prazer e de superioridade, ajudava o velho Padre Proença a encaminhar a missa. O Concílio Vaticano Segundo estava ainda fresco e o rapaz, saído dos Olivais na leva dos quase ordenados que se rebelaram, dominava a praxis melhor do que o velho prior de Benfica.
Angola, Nova Lisboa, num domingo de 1972. O alferes, aprumado na sua farda do exército português, contava no Ruacaná, café in da cidade, em voz alta e com expressões superlativas, como tinha derrotado no Dalas, para lá do Luso, um grupo de combate do MPLA que pretendia sair para o Zaire. A flagelação rendeu algumas baixas infligidas ao inimigo e havia até troféus de guerra que os soldados diziam possuir como prova da vitória.
Lisboa, Programa de TV, num domingo do ano 2000. Cinquentão, com as feições do sacristão de 1969 e do alferes de 1972, tingidas de branco no cabelo farto e sublinhadas por lentes grossas nos óculos sem aros, expressão vaga, debitava, num debate morno, sobre o falhanço do seu casamento. Os dois filhos, agora na classe dos vinte anos, viveram durante anos divididos entre ele - o pai - e a mãe. O seu desejo, dizia, era poder ingressar num convento para que a meditação lhe trouxesse a paz que procurava desde sempre.

segunda-feira, 8 de dezembro de 2003

Jantares de Natal (2)
Qual borracha que pretende apagar o que se pensa escrito a lápis, os jantares de Natal não resolvem quando o que se passa é que, muitas das vezes, a escrita é a tinta, que ficou bem vincada na papeleta da vida.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2003

Nem bons ventos...
A globalização tem-nos trazido patrões de todas as pátrias, e naturalmente e cada vez mais da pátria aqui ao lado. Aquilo que perderam com a Restauração estão agora a receber com a economia sem fronteiras através do controlo de recursos estratégicos como a água, a energia e as vias transnacionais. Muitas das multinacionais tiveram até há muito pouco tempo o cuidado de manter estruturas tanto cá como lá. O que acontece é que a nossa proverbial preguiça facilita e até convida a que os nossos vizinhos vão avançando. Se puder ser aquele a pensar porque é que hei-de ser eu a matar os neurónios. E da disponibilidade para passar de igual a subalterno à situação de subserviência vai muito pouco. E não se diga que é uma questão linguística, porque poucos falam línguas e o português é lhes difícil. Vão longe os tempos em que na consultoria as empresas portuguesas não aceitavam o castelhano como língua de trabalho, antes o inglês. Mas a nova classe de executivos adora ir a Madrid. Pelo menos uma vez por mês, fazer aquilo que D. Afonso, o primeiro rei cá do canto, nunca quis fazer: prestar vassalagem.

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