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quarta-feira, 28 de abril de 2004

Cantar de emigração

Este parte, aquele parte
e todos, todos se vão
Galiza ficas sem homens
que possam cortar teu pão

Tens em troca
órfãos e órfãs
tens campos de solidão
tens mães que não têm filhos
filhos que não têm pai

Coração
que tens e sofre
longas ausências mortais
viúvas de vivos mortos
que ninguém consolará


Rosália de Castro

terça-feira, 27 de abril de 2004

Produtividade
Em Dezembro chegaram três fulanos com ar de vedores. Analisaram como dividir a sala grande em duas mais pequenas, usando essa coisa nova, o paladur. Olharam e concluíram que sim, o paladur era a solução. Dias depois apareceram os que vinham medir a área. Também que sim senhor, havia placas de paladur com as medidas requeridas. Semana ou semanas após, com o aparato próprio de quem não brinca em serviço, vieram os artistas que só montavam a estrutura metálica. Feito em quinze dias! E finalmente os do paladur, que cortado no local, para ajustar à armação metálica encheu tudo em redor de um estranho pó finíssimo. Com isto estávamos a meio de Janeiro.
O paladur ficou assim tempos infindos, os pintores tardaram. Vieram a meia de uma manhã em meados de Fevereiro e pintaram rápido. Mas enganaram-se na cor. Engano providencial, assim foi preciso repetir a pintura, o que deu para finais de Fevereiro. Áh, faltou colocar o rodapé. Arte de outros artistas, que apareceram em Março a tirar medidas; colocar as réguinhas de madeira junto ao chão exige muito saber fazer e isso foi em meados de Abril, mas só colocar as madeiras. Pintar o rodapé é com outros, os pintores, que de gatas andaram dias a dar as várias demãos. Mas azar, o cinzento dos rodapés manchou em desvariados lados o branco das paredes e o castanho do chão, na delicada operação das pinturas feita in situ: há que voltar a pintar as paredes e raspar o chão. Estamos no fim de Abril. Já só falta repôr o tecto e recolocar as persianas. Os muitos artistas que têm desfilado nesta tão complicada obra não me podem fazer a desfeita de faltar ao jantar de Natal. Deste ano.


domingo, 18 de abril de 2004

Grito do renascer

Ericeira Abril,2004

Capas
Não é regra, mas quase. Na escola os professores mais incompetentes eram os que nos mimosiavam com as piores notas. De igual forma nas organizações, os chefes mais incompetentes são os que pretendem frequentemente ultrapassar as fraquezas com formas histriónicas e gritaria espúria que quase sempre conduz a nada; se descontarmos o ridículo.

Um muro
O Muro, livro de John Hersey, trata do gueto de Varsóvia na época nazi (porventura agora haverá outros guetos). O que mais me impressionou no livro foi saber que a escolha dos destinados aos campos de extermínio era feita pelos presos, adiando com isso o seu próprio fim.

Sobreviver em tempo de mudança
Charles Darwin sobre sobrevivência das espécies diz que sobrevivem os que têm maior capacidade de adaptação à mudança. Também diz que estes não são necessariamente nem os mais inteligentes nem os mais fortes. Desta estou sempre safo. Se não sobreviver poderão sempre dizer que era inteligente ou, no mínimo, forte.

sábado, 10 de abril de 2004

Estranhas opções (2)
Interroguemo-nos sobre algumas coisas do post anterior. Na parte final assumimos como pressuposto que o quem sabe nadar. Ora no mar dos negócios nadar custa muito, avançar custa ainda mais e até para flutuar é preciso controlar a respiração. Há ainda um último pressuposto assumido com alguma ligeireza, o de que o quem consegue ver (a praia). Ora também isso não é uma certeza absoluta, vide por exemplo O Ensaio Sobre a Cegueira do nobel e novel Saramago. A cegueira pode alastrar como um "ratilho de pólvora".

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