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quarta-feira, 30 de junho de 2004

Sedução 

Só te tratam com punhos de renda quando por tanta tareia levada com as luvas de cabedal de pugilista decides abandonar o jogo viciado. Mas o tratamento “carinhoso” é passageiro. Os punhos de renda estragam-se com facilidade nas mãos de um pugilista.


segunda-feira, 28 de junho de 2004

A proprósito do Euro e dos Matrecos
Em miúdo gastava algumas das minhas economias e do meu tempo nos matrecos.
O objectivo era ganhar, se possível muitas vezes.
Agora, já com as mãos calejadas, continuo a jogar, mas as perspectivas de
ganhar são fracas.
Será preciso remodelar a equipa e dar uma verdadeira abada...........
abraços


A propósito deste escrito que alguém me enviou queria referir que remodelar a equipa não é mudar os matrecos. Este jogo tem uma característica muito peculiar, quem está no “relvado” é totalmente manipulado pelos verdadeiros jogadores, os dois que se batem num mano a mano ou os quatro em equipas de dois. Sempre tive uma certa pena dos matrecos, aparentemente sempre disponíveis, só entram em jogo quando os manipulam, no resto do tempo são muito solitários.

segunda-feira, 21 de junho de 2004

Phase out 

As coisas arrastam-se na tranquilidade dos dias.
Os dias arrastam-se na tranquilidade das coisas.
Os dias e as coisas arrastam a tranquilidade.
Os dias, as coisas e a tranquilidade arrastam-se.
Arrastam-se dias coisas
Tranquilidade
Coisa
Dia
Di
D
.

sexta-feira, 11 de junho de 2004

Bilhete-Postal a Alexandre Pinheiro Torres 


Absinto-me cansado
na outonalma.
De absinto, no outuno,
encharco a alma...

Muito deve a literatura
ao absinto.
Em qualidade, muito mais
que ao tinto...

Ó Alexandre, manda-me absinto
na volta do correio,
que eu já sinto, com tanto tinto,
estancar-se-me o veio...


in: Poemas com Endereço
de: Alexandre O'Neill

 


quinta-feira, 10 de junho de 2004

As noites de discussão e as noites das pazes dos vizinhos de cima 

Viver num oitavo andar de um prédio de doze, tem vantagens e muitas desvantagens.

As vantagens são financeiras. É benéfico dividir as despesas do que é comum a todos os vizinhos: elevador, telhado, paredes, segurança e o resto. As desvantagens são inúmeras e algumas inenarráveis. Basta referir apenas os extremos: as  noites de discussão e as noites  das pazes dos vizinhos de cima. Não emito juízos, ambas são agitadas q.b. para me acordar às 3 da manhã.

Mas as desvantagens sociais são mais do que isso. Foi com um atraso de dois meses e por um colega de escritório, que soube que o meu vizinho do décimo segundo, um jovem e promissor médico de 35 anos, tinha morrido. Soube de alguns casamentos e divórcios por revistas cor de rosa.

Na minha aldeia, na aldeia em que nasci e onde estou um mês por ano, basta o bater da porta da rua para todos saberem que vou sair e para receber a indiscreta pergunta então onde vai,  volta a horas? É gratificante saber que não é por mera coscuvilhice, mas por pura solidariedade.

Viver em altura, num prédio de doze andares, é diferente de viver numa praceta. É a diferença entre viver e conviver. Para além disso as casa rasteiras não têm as elevadas despesas do elevador e as zangas e as pazes ficam no rés-do-chão.  

terça-feira, 1 de junho de 2004

Insónias 

Há dias que não consigo dormir. De cada vez que estou naquele ponto em que se perde o domínio do próprio e se cai no sono, volto com mais força à espertina. Acontece-me desde ouvi que a partir de 2006 o PIB vai crescer. Só uma tal visão pode explicar um tal estado de alma e corpo. Escrevam nas agendas, em 2006 o PIB vai crescer e votem com a consciência.  

 


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