sexta-feira, 30 de dezembro de 2005
Existo, resisto
E registo o nunca visto.
Ainda, sim. Assim!
Ando por aí
A semear um ar distraído
No ar destruído por igual distribuído.
O kodak ao pescoço: difícil de roer aquele osso.
(Deus t’ouça
Falam e ouço).
Foco, paro
Disparo. E silêncio
Mato o momento,
digo, retenho o momento,
digo, deixo fugir o momento.
Um momento, tenho uma declaração:
Estou vivo,
Mato momentos. Retenho silêncios.
domingo, 18 de dezembro de 2005
Conversa às cinco.
Tás a perceber, meu, se eu te digo para estares aqui ás sete e meia, já sei que estás só às um quarto para as oito e então estou já a dar o desconto. Percebes né, se não for assim estou a pressionar-te pá, e não interessa nada, eu às sete e meia estou cá. Mas já sei como são estas coisas, procurar estacionamento, e poder apanhar trânsito, sei como são estas coisas, pá. Meu, as garinas devem chegar bué de tarde, mas aí nós bebemos umas bejecas e aguentamos, pá. Até é melhor porque quando elas chegarem já estamos mais aquecidos e elas vêm com aquela de armarem em queques e nós temos de aguentar, pá. Não sei se estás a ver. Eu até podia dizer que o melhor era às 7 horas, mas não vale a pena., meu, porque podes apanhar trânsito, os teus cotas atrasarem os comes, sei lá pá. Temos de respeitar uns aos outros. Percebes, acho eu. Não gosto de armar em carapau, meu. Até às oito está tudo bem . Mas se chegares às oito e meia também dá. Eu cá me aguento com as gajas se elas chegarem antes. Tomamos uns copos, meu, e quando chegares estamos todos naice. O carro é que é a chatice, pá. O meu cota diz que tenho de tirar a carta e que depois tenho o carro que um amigo lhe arranja, todo modificado, numa oficina da Brandoa, mas, meu, se eu já sei guiar p’ra que é que vou gastar dinheiro, né meu? É dinheiro p’rá bófia, não queriam mais nada. Bom então ficamos assim, o mais tardar às noves tás cá. O chato são as madamas ficarem ao frio e à espera. Mas se quiserem cá os ménes têm de aguentar. Tás com cara de chateado porquê, meu, não vais dar ao slaide, pois não, mano? Até às 10, o mais tardar, espero no Califa, não gosto do Colombo, os gajos conhecem-me e não me deixam em paz, por causa de um gamanço em que ajudei um pessoal da Damaia, não fiquei com nada, foi um favor que fiz, mas o puto queria tanto o telemóvel. Temos de ser uns para os outros, pá, meu.
quinta-feira, 15 de dezembro de 2005
O espírito do repasto é conforme ao pretexto, mas também à prova de datas. Ignoras-as, supera-as. Tenho algumas dúvidas sobre se se manterá assim em anos vindouros. Temo que este evento deixe de ser enformado pela leveza, sem subserviência e pela proximidade de formas de estar e de pensar das pessoas que lá têm estado. Se não resistir a isso, morre. Seria, para mim, e não só para mim, uma perca.
Este ano ainda foi bom q.b.. Fica aqui este juízo de intenção àcerca do ainda, tipo dúvida cartesiana, porque hoje já não há garantia de nada, muito menos a um ano de distância.
Boas Festas desejo a quem contribuiu para este momento revivalista, mas não lamecha, em que cerca de 60 pessoas que deixaram de ser parte de uma firma que funcionava, estavam pelo prazer de estar. Da firma deixaram de ser parte sem qualquer racional, sem nenhuma razão de fundo. E, contudo, não vi nem rancor nem vestígios de ódio! Estou a ficar serôdio, ou gato no meio de gatos, como diz o Peter.
quinta-feira, 8 de dezembro de 2005
Num dos últimos "Quadratura do Círculo" dois dos mais ilustres políticos desta terra divergiam quanto ao número de telefones sobre escuta, presumo que escuta legalmente autorizada. São 30000 telefones dizia um. Olhe que não, são à volta de 40000, corrigia o outro. Ouve-se e já nem se pasma, nem se fala do essencial fala-se do detalhe de quantos serão. Cá por mim estou-me nas tintas e até simpatizo com as escutas, porque assim há como que um "back to the basis". Explico. As pessoas, assim, se quiserem falar sobre coisas a sério ou mais íntimas terão de o fazer presencialmente, o que não deixa de ser sociologicamente de louvar.