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segunda-feira, 30 de janeiro de 2006

Estória de micro crédito

O micro crédito! Ele nem queria acreditar. Lançou-se a correr para o Banco onde o esperava umas micro instalações e saiu com o dinheiro em moedas de um cêntimo, “não temos mais pequeno, tivemos muito gosto!”, foi tudo o que lhe disse um eficiente executivo de brilhantina no cabelo, imberbe, cumprindo o guião de custo benefício para a situação: “micro conversas para candidatos a micro crédito”.
Tratou dos papéis. Pouca coisa: uma micro no Chile e exame de despiste de micro organismos.
Comprou na sucata de um construtor civil um escritório micro: uma antiga cabine telefónica. E na baixa numa loja de vão de escada, de um por um metro, encontrou um microscópio que adquiriu logo. Instalou-se aproveitando a nova facilidade empresa na hora. Escreveu em letras pequenas no exterior: análises microbianas com resultados em micro segundos. Para inovar e ajustar o dinheiro ao output disse não ao papel, comunicava com os clientes através de um microfone que instalou no interior da cabine.
Numa das primeiras encomendas foi apanhado por um micróbio revolto que o microscópio não permitiu detectar. Finou-se em pleno labor, antes da idade da reforma.

segunda-feira, 23 de janeiro de 2006


Fé e esperança na caridade, em noite de novo Presidente


- Estou aqui porque espero que ele faça alguma coisa pelos funcionários públicos.

- É funcionária pública?

- Sou!

Diálogo em directo para uma televisão, em noite eleitoral, no CCB.


quinta-feira, 12 de janeiro de 2006

Estórias do tempo meteorológico

Tudo parece apontar para este ser um segundo ano de seca. Dois anos de seca consecutivos poderão ter consequências profundas na nossa qualidade de vida. E sobre os próximos anos nada se sabe. Parece, afinal, que os ecologistas tinham razão, e que os acordos de Quioto – que países com responsabilidades não subscreveram – é fundamental para pormos alguma ordem no ambiente da aldeia global, enquanto é tempo.
Na Península Ibérica haverá consequências políticas novas. Os transvazes em Espanha vão prosseguir, veremos no Verão. As consequências domésticas estão à vista. O custo da água vai disparar. O banhito matinal: foi-se; fogos: vai o resto da floresta; rios: recordação de postal de alfarrabista.
A nossa sorte é que, segundo a imprensa, as cooperativas vinícolas não têm escoado a produção dos últimos cinco anos. E podemos sempre recuperar o slogan: beber vinho é dar de comer a um milhão de portugueses
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sábado, 7 de janeiro de 2006

Estórias de guerra
- Jogamos hoje?
- Jogamos!
Aos domingos, depois do almoço procurávamos um canto da sala de jogo da messe de oficiais. Ali ficávamos horas a jogar crapô. Foi ele quem me ensinou as regras e foi com ele que aprendi alguns truques. Jogo de paciência, jogado em silêncio. Nos raros e breves intervalos pedíamos bebidas. Eu gin, cerveja, ele sempre chá. Enquanto adocicava o chá quebrava-se o silêncio. Falava que era professor de história, casado, um filho (ou filha, não me recordo). Os Licenciados em história na tropa davam atiradores, claro. Não fumava, bebia chá e falava por monossílabos. O dia em que esteve mais loquaz foi o dia em que me explicou o essencial do jogo. Jogo parado, pausas para longas reflexões estratégicas, ele. Eu, jogava por instinto, mas fingia reflexão. Em Janeiro de 73 ele foi com uma companhia fazer a guerra para o Norte, Nanbuangongo, eu fui para a guerra do Leste, Cassai. Nunca soube dele. Retenho das tardes de jogo: dois baralhos formando um único, colocado na mesa, de onde se íam tirando as cartas, ora um ora outro, procurando organizar séries de naipes, alterando cartas vermelhas e pretas; ganhava o jogo quem primeiro se desfizesse das suas cartas. Do resto esqueci-me: não me recordo nem das regras nem do nome do meu parceiro do crapô das tardes de domingo no Huambo, Angola, em 1972 DC. Sequelas da guerra ou o crapô esquece?
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