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segunda-feira, 29 de janeiro de 2007

Hoje e agora
O adolescente chegou arrumou a mochila de tamanho XXL debaixo da cadeira em frente. Pediu uma coca-cola com muito gelo. Meia hora depois chegou o pai. Reconhecível por serem os dois “cenouras”, iguaizinhos, o mais novo menos assoprado nas feições. O pai vem com ar de poucos amigos e a proximidade das mesas, traiçoeira, vai deixar que os diálogos circulem.
- Estou muito triste com você na escola – diz o pai depois de uma pausa, de arfar, olhar para o lado, desabotoar o casaco e de pedir uma coisa leve para comer e recusar aperitivos e bebidas.
- Mas pai porquê, sabes que faço o meu melhor – dizia o cenoura júnior.
- Você teve umas notas que são uma vergonha, não entendo o que você quer da vida – cenoura sénior dixit. E do bolso da carteira retirou um relatório que pôs em cima da mesa e passou a analisar com o júnior que, de cenoura, passou a tomate. Deitei o olho e lia-se facilmente Pedro Nunes no cabeçalho da folha em análise. O Júnior pediu outra coca-cola com muito gelo. O pai pediu uma salada de atum e nada para beber.
- Mas o que te disse ela, essa professora maluca, se calhar não te disse que fomos o único grupo que acabou o trabalho, que mais de metade da turma não o fez. E que merecíamos melhor nota. Estamos sempre a ser injustiçados – cenoura tenra a falar.
- Não se trata de uma única disciplina, as suas notas são uma lástima, você não trabalha. Anda a fingir que trabalha. Não sei o que lhe hei-de fazer – o cenoura sénior, branco como o interior de um rábano, tentava controlar os décibeis da voz.
O adolescente nesta altura já se debatia com um naco de carne imerso em molho e natas e encomendava mais uma coca-cola com muito gelo. O pai, interrogativo, olhava para o descendente com olhar flamejante, mas a proximidade das mesas obrigava a comedimento e contenção. O júnior deleitava-se nas carnes e no sorver da coca-cola com muito gelo. O cota furibundo continuava o discurso inconsequentemente moralista sem tocar em nada do que lhe tinham posto à frente para comer. Talvez esta fosse a maneira de o cenourinha almoçar um “petisco” de vez em quando e de ter a seus pés o pai implorando boas notas.
A reverência parental foi-se em pouco tempo. E com ela uma surpreendente inversão de papeis na família que se desmorona.

sexta-feira, 26 de janeiro de 2007

Quem estará certo?
Pavilhão Atlântico, lugar no balcão e pago; o tempo dos convites VIP já lá vai. Nas primeiras filas da plateia marcavam presença a finança, a política e as classes possidente e empresarial. Senti alivio por poder estar ali sem a pressão dos tempos em que o objectivo poderia ser marcar aquela reunião com aquele fulano por causa do tal negócio. Excesso de zelo meu, o desses tempos. Neste espectáculo, ao meu lado, indiferente àquelas preocupações que tinha então, estava o responsável máximo de uma importante multinacional de TIs a quem a plateia não conseguiu cativar.

quinta-feira, 25 de janeiro de 2007


People@pt

A Old. Co lançou um número especial da publicação People@pt que parece um jornal de turma dos que se faziam na escola secundária nos idos anos 60. Artigos de como era naquele tempo, com uma tendência nostálgica apontando para dizer que aqueles tempos heróicos é que eram bons e apresentado uma imaginária noção de unidade ou paralelismo que sempre terá acompanhado as duas entidades emprestando-lhes a identidade consumada há poucos anos. Sabe-se que os tempos nem eram o paraíso nem as duas firmas tinham grandes afinidades. O que sobra no final da leitura é uma sensação semelhante à do dia seguinte ao de uma piela: “aquilo passou-se comigo, eu estive lá ou é mera fantasia?”.
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quarta-feira, 24 de janeiro de 2007

IVG
Não posso dizer nada, não devo dizer nada. É um tema que não deveria ter sido trazido para a praça pública. Não é uma decisão dicotómica de sim ou não. Mas lá terei de votar, de acordo com esta linha, e o V da sigla (IVG) é importante nesta decisão.

segunda-feira, 22 de janeiro de 2007

Metacapitalism

(…) In an environment where everyone is outsourcedor capable of eventually being outsourced, is it possible for an organization to build any form of employee loyalty? Our response is definitely no. Is this a problem? Yes. We believe organizations need to have a loyal human resource base. Organizations don’t run on autopilot. They don’t follow an unchanging script. In fact, with the uncertainties and ambiguities of the organizational world, it is an organization’s people who see it through these uncertainties, these ambiguities. Often such as action requires people to go the ‘extra mile’; work extra long, extra hard; forego social engagements; engage in heroic actions; etc. Will individuals perform these extraordinary and heroic deeds? Certainly. But they have to believe in what they are doing; they have to feel they are contributing to the good of the organization – in a word, they have to have ‘skin in the game’. No wonder that the Australian auditor-general has cast serious doubt in his recent report on the outsourcing strategy for the Commonwealth Government of Australia not only for the unattained predictions for savings, but more importantly the difficulties experienced with some suppliers were seriously affecting productivity and morale. They have to be loyal, they need to belong. But how can such loyalty and the feeling of ‘belonging’ occur in the model of the world ascribed to by Metacapitalism? The answer: it doesn’t. That is why we feel it is imperative for organizations to embrace policies that engender employee loyalty and a sense of belonging. Metacapitalism is the antithesis of such a belief. It breeds greed, excessive individualism and the denial of collectivism. Is that the world you want to live in? Not us.

In Metacapitalism
The Future of Industry or the Bane of our Existence
Rudy HIRSCHHEIM
Professor of Information Systems
Bauer College of Business, University of Houston, Houston, TX. 77204-6282 USA
Visiting Professor of Information Systems
AGSM, University of New South Wales, NSW 2000, Australia

George MICKHAIL
visiting Professor, Droit, Economie et Gestion, Universite` D'Orleans, France
Lecturer in Accounting & Finance, University of Wollongong, NSW 2522, Australia

Daniel PIRRELLO
Accounting & Finance, University of Wollongong, NSW 2522, Australia

sexta-feira, 19 de janeiro de 2007

Estórias da Consultoria
Diz-se nos mentideros que vai haver eleições na Old Co. Esta gestão chegou ao fim do mandato e por isso aí está um novo sufrágio, que não é universal porque não votam mulheres nem homens a não ser que sejam sócios. Uma questão que me assalta com frequência, embora seja tarde: porque é que não havia eleições na Consultoria? Tinham-se resolvido muitas das diferenças que nos desuniam.

quarta-feira, 17 de janeiro de 2007

O reino da Dinamarca

A Dinamarca relembra-me um episódio que já posso contar embora, felizmente, todos os protagonistas estejam vivos. As crises na consultoria não são de hoje. No princípio dos anos noventa toda a Europa estava a perder dinheiro neste negócio, com duas excepções, UK e Portugal. Chamada a Copenhague dos sócios de cinco países da Old Co para lhes ser comunicado que a estratégia da firma passava por concentrar a actividade em países a que chamaram de “big banana”, com a ponta superior na Alemanha e a inferior em Madrid. Os pequenos escritórios que não caíssem nesta mancha seriam fechados. Teríamos cá no burgo umas 50 pessoas das quais umas 10 na “inbicta”. Teríamos de fechar. Argumentámos que estávamos a dar lucro, que nunca tínhamos tido prejuízos, o que era verdade. Depois de dois dias de grande tensão, reuniões, conversas avulso em bastidores clandestinos, sai o veredicto: relativamente ao rectângulo mais ocidental da Europa fecha o Porto. Na altura não havia ainda sócio no Porto. A estratégia que engendramos foi a de omitir a partir dali todas as referências à “inbicta”, mantendo tudo tal e qual, incluindo as pessoas e as instalações. Pois é, fomos solidários e engenhosos. Só nos esquecemos que tínhamos de explicar isto à pessoa mais teimosa depois de Matusalém, que tanto teimou em viver que morreu com 900 anos. Foram precisos dois dias de difíceis reuniões para a convencer de que a melhor maneira de uma pessoa conseguir sobreviver, muitas vezes, é fingir-se de morto. Se fossemos tão diligentes a cumprir as directrizes que nos foram transmitidas naquela reunião da Dinamarca como mais tarde o foi o da “inbicta”, talvez tivéssemos evitado alguns dos danos supervenientes e provenientes de um seguidismo cego.

segunda-feira, 15 de janeiro de 2007

Domingos de nevoeiro
Num fim de semana sem sol e a curtir o fim de gripe que foi longe de mais nada, sem vontade e sem criatividade para fazer grandes coisas, a solução menos perigosa: ir para as livrarias. E lá me apareceram novos títulos - Portugal deve ser dos países da Europa com mais títulos editados por mês -. Entre os novos títulos um do Beja Santos, sempre sobre consumo e consumidores. E veio-me à lembrança um episódio de, quando em Mafra, nos idos de 1971, foi meu instrutor. Fazíamos uma corrida de cerca de 10 quilómetros pela Tapada. Coisa que para mim era uma enormidade. Num determinado troço do percurso vi que podia atalhar caminho, foi o que fiz, tendo ficado de imediato atrás do Beja Santos. Pára tudo! Formatura do pelotão, Cadete escriba para a frente do pelotão, e vai de desancar na minha falta de honestidade, no pouco respeito pelos colegas, na batota, para se chegar onde queremos há que trabalhar, o esforço custa a todos. Acabada a prédica a ordem para os meus pedidos de desculpas a todos os meus camaradas. Um pouco desnecessárias no meu entender, porque não estávamos em competição, e se a havia era comigo mesmo, que avaliando entre voltar atrás e arrepiar caminho tinha optado por esta menos má opção. Nunca ficámos amigos por nunca ter percebido o porquê da humilhação. Não consumi o livro do frei do consumo. Apesar de este me ter atribuído, mais tarde um prémio (uns Lusíadas, que conservo), por uma outra façanha que relatarei.

terça-feira, 9 de janeiro de 2007

Diz-se de sócios e colaboradores

O livro diz-se de sócios e colaboradores do ano de 1996/97. Do século passado. Do início da última última década. Folheia-se e folheia-se, e o que se retém é um momento, uma organização, uns efémeros protagonistas. Com olhares vagos e tristes parecendo surgidos do além. Sentimento estranho, este, que emana de cada retrato das centenas que o livro contém. Quase todos os retratados parecem (ou eram?) mais velhos do que hoje são. Os bigodes, as barbas, os cortes dos fatos, neles. Os penteados, os sorrisos de Gioconda, as poses pré-emancipação, nelas. Nelas e neles os óculos de massa grossa dominam a mancha das faces, ultrapassando-as dos lados e com os aros a descer até às narinas. Afinal estava-se em 1996 e 1997. Havia prosperidade, era o início do período de endividamento, alegre e sempre a crescer; e os impostos ainda não tinham disparado. Porquê tanto cinzentismo e vazio nas expressões? O editor é um desastre, não venderia um se fosse a dinheiro. O livrito já esteve várias vezes no cesto dos papéis, mas no último instante é repescado e vai ficando. A tristeza daqueles olhares convence-me sempre.



segunda-feira, 1 de janeiro de 2007

I Dreamed an Interview With God

"Come in," God said. "So, you would like to interview Me?"

"If You have the time," I said.

- God smiled and said:

"My time is eternity and is enough to do everything. What questions do you have in mind to ask Me?"

"What surprises You most about mankind?"

- God answered:

"That they get bored of being children, are in a rush to grow up, and then long to be children again
That they lose their health to make money and then lose their money to restore their health.
That by thinking anxiously about the future, they forget the present, so that they live neither for the present nor the future.
That they live as if they will never die, and they die as if they had never lived . . ."

- God's hands took mine and we were silent for a while and then I asked:

"As a parent, what are some of life's lessons you want your children to learn?"

- God replied with a smile:
"To learn that they cannot make anyone love them. What they can do is to let themselves be loved.
To learn that what is most valuable is not what they have in their lives, but who they have in their lives.
To learn that it is not good to compare themselves to others. All will be judged individually on their own merits, and not as a group or on a comparison basis!
To learn that a rich person is not the one who has the most, but the one who needs the least.
To learn that it only takes a few seconds to open profound wounds in persons we love, and that it takes many years to heal them.
To learn to forgive by practicing forgiveness.
To learn that there are persons that love them dearly, but simply do not know how to express or show their feelings.
To learn that money can buy everything but happiness.
To learn that two people can look at the same thing and see it totally differently.
To learn that a true friend is someone who knows everything about them . . . and likes them anyway.
To learn that it is not always enough that they be forgiven by others, but that they have to forgive themselves."

I sat there for a while enjoying the moment. I thanked Him for His time and for all that He has done for me and my family, and He replied,
"Anytime. I'm here 24 hours a day. All you have to do is ask for Me, and I'll answer."
People will forget what you said. People will forget what you did, but people will never forget how you made them feel.

in http://www.cochrane.org.uk/food/interview-with-god.php


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