<$BlogRSDUrl$>

quarta-feira, 28 de fevereiro de 2007

Estórias da consultoria

Encontrar uma mesa para jantar em Bruxelas é difícil. Para além disso come-se caro porque na maioria dos casos quem paga não é o próprio mas as empresas, as organizações governamentais ou a própria União Europeia. Para jantar fora convém marcar de véspera, foi o que fizemos. Contudo, um monstruoso engarrafamento na chique Avenue Louise fez-nos chegar meia hora atrasados ao restaurante; coisa de somenos se não fosse em Bruxelas. Quando afogueados por fim chegámos, a nossa marcação já tinha prescrito. Os donos eram portugueses e o restaurante era daqueles que “estava a dar”. Barafustámos. Em vão porque não haveria mesa nas horas mais chegadas. Viemos pelo mesmo caminho para a Grand Place comer “moules” e combinar um plano de vingança contra os péssimos anfitriões portugueses. O meu parceiro de infortúnio era mestre nestas coisas de vingança; não sei se não terá sido ele que escreveu o Príncipe para o Maquiavel. E foi assim: do hotel marcáva uma mesa para vinte pessoas, para o dia seguinte, em nome de uma Direcção-Geral da Comissão. Conhecia a forma de fazer e alguns nomes. Falou em francês porque em Bruxelas falar mal uma língua dá credibilidade. No dia seguinte, já em Lisboa, saboreava com prazer o jantar virtual dos vinte convivas da tal Direcção-Geral. E de certo que, dada a posição da personalidade usada na reserva, o restaurante terá esperado bem mais do que a meia hora de tolerância que na véspera nos negou.

segunda-feira, 19 de fevereiro de 2007

Versatilidade

Temos mesmo de estar preparados para nos reposicionarmos rapidamente ajustando as respostas às perguntas e às circunstâncias. Um bom exemplo desta capacidade foi-me dado por um destes romenos, jovens, astutos, que vendem à porta do supermercados. Começou por me querer vender o Borda d’Água, o ícone guia dos agricultores que lêem nele o que sabem de cor. E eu que não, não precisava. Passou então a querer arrumar o carrinho do supermercado, e eu que não, que a moeda usada era de plástico e queria recuperá-la. Mudou para o pedido directo, dê-me uma moeda para almoçar. Quis dar-lhe um papo seco acabado de comprar. Que não, não tinha onde o guardar e ainda eram 10 da manhã. Por fim converteu-se em arrumador de carros, dobrando um dos Bordas d’Água para ajudar às manobras. Eu acelerei e parti, mas o ocupante do lugar que deixei, aguardava ansioso pela vaga já com uma moeda de agradecimento bem visível. A versatilidade compensa.

segunda-feira, 12 de fevereiro de 2007

E agora José?

Está calor não votamos. Está de chuva não votamos. Está assim assim não votamos. As decisões vão ficando para os políticos e quando nos damos conta ficamos neste estado por quarenta anos. Calmos nos nossos brandos costumes. Até que um dia, em que o povo não é sereno, vimos para a rua e pomos tudo em causa. Choramos com o cheiro dos cravos e fazemos tábua rasa do aval que fomos dando às cegas. Estriónicos e coléricos, nesse dia, levamos tudo à frente e são precisos uns trinta a quarenta anos para repor os cacos da loiça partida. E assim sucessivamente desde o rei que bateu na mãe.

terça-feira, 6 de fevereiro de 2007

Perus e a surpresa de um cluster português na Grã-Bretanha

O H5N1, o tal vírus da gripe das aves, apareceu numa exploração avícola da Grã-Bretanha e para evitar males maiores a decisão foi rápida e radical: proceder ao abate dos 159 mil perus da exploração.
Impressionante.
Mas igualmente impressionante é o número de portugueses que se ficou a saber que trabalham naquela instalação, aspecto que a notícia principal tornou secundário. São 1000. É obra. É de presumir que em Holton, local onde está a macro capoeira afectada, a língua portuguesa seja pelo menos a segunda mais falada. E é uma pena que os bichos tenham de ser exterminados, sempre eram 159 mil seres que pelo menos entendiam português. Falar não falavam, mau grado a relativa imponência e a aparência intelectual (monco caído, andar pausado, e raros glu-glus). Se se tratasse de papagaios os estragos para a nossa língua seriam muito maiores.

This page is powered by Blogger. Isn't yours? -->