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terça-feira, 27 de março de 2007

Um concurso com resultado óbvio

Para o povo chega a terceira classe de escolaridade.
Sindicatos semeiam discórdia e conflitos sociais.
Beber vinho dá de comer a um milhão de portugueses.
Os grémios, as casa de pescadores, as casas do povo, as corporações.
Férias de 5 dias só depois de dois anos de trabalho.
Florestar o país com pinheiros.
Império português, o último império colonial.
Para Angola, rapidamente e em força.
Segurança social para quem a pagou.
Orgulhosamente sós.
Mocidade e Legião. Nos intervalos a tropa.
Uma casa portuguesa, concerteza.
Escolas mistas igual a promiscuidade.
Censura e um só canal de televisão.
Emigração clandestina.

Claro Salazar!

quinta-feira, 22 de março de 2007

Hábitos do século passado
Ditava-me as cartas no dia em que passava a ferro. Durante o exercício de ditar escolhia os lençóis e as toalhas, peças em que o cuidado não era tão necessário. E começava.
“Querida Virgina” (não é Virgina é Virgínia, queria eu emendar) “escreve o que te digo, ela nem é Virgina nem Virgínia é Maria dos Anjos no registo, que foi o nome que a madrinha lhe pôs e não era do agrado dos pais, ficou Virgina, escreve, muito estimo que esta carta te vá encontrar de saúde que nós por cá todos bem, graças a Deus.”
Aqui parava, dobrava o lençol vincava meticulosamente cada dobra. E voltava:
“Virgina, é Maio, queria-te pedir para dispores mais umas couves porque estou a pensar em mandar os miúdos para aí no Verão, e uma sopa com um bocado de broa, é alimento bastante. Há sempre umas azeitonas na talha ou uma cebola no travináculo para compor.”
Esticava outra peça na tábua de engomar, abria o ferro e atestava-o de carvão, com o cuidado de não deixar cair borralho na roupa lavada.
“Virgina, vê lá se os beiçudos do S.Pedro não dão muito cabo da minha casa, gostava que eles de lá saíssem, os cinquenta escudos por ano não são nada, não chegam sequer para pôr os vidros partidos. As couves, escolhe couve portuguesa” (outra vez as couves? Isto assim fica sem jeito nenhum, queria eu alindar o texto) “cala-te e não me desconcentres, sei muito bem o que quero dizer, escreve, couve portuguesa não era? porque resiste mais à geada e à falta de água.”
Assoprava no ferro pela abertura de trás. Testava o calor num pano acastanhado pelas queimaduras e voltava.
“Virgina, conto contigo para mos lá me teres no Verão, afinal és a minha família, já que os mais próximos não o são” (não percebo isto, o que quer dizer aqui?) “tens razão risca isso” (riscar, agora, depois fica borrado, a tinta nunca mais seca, deixe ficar, ela tanto percebe assim como assado) “tens razão, continua, os miúdos não os posso ter aqui de Julho a Outubro sozinhos, trabalho longe e às vezes tenho velas no hospital e no colégio não mos querem lá durante as férias. Aí te mando 20 escudos para ajuda dos gastos, o resto pagam com alguma ajuda que eles possam dar na apanha do feijão ou a regar. Ele é franzinito mas ajeita-se a regar. Elas ficam com a lide da casa. Dão-te jeito, agora que a tia Gratu se finou. Foi de boa idade e também um dia chegará a nossa hora” (mãe, a carta já não tem mais por onde escrever, temos de acabar).
E lá ia outra carta com as despedidas nas margens de cima e dos lados, num caos que a letra desajeitada agravava.
“Virgina, por hoje é tudo. Muitos cumprimentos para quem por mim perguntar e para ti um abraço de saudades desta que se assina. E****”
Que alívio. O texto não fluía facilmente. Cada frase era minuciosamente tricotada na cabeça antes de ser ditada. Era o tempo de passar a roupa graúda. Mudava agora para a roupa pequena, enquanto ordenava, “lê-me lá isso!”.
E eu lá tentava decifrar, naquela caligrafia irregular nada ajudada pela ortografia, o que a carta queria dizer. E havia sempre qualquer coisa que faltava.
“Olha vê lá se ainda cabe, as couves compra-as ao Maximino, tem-nas sempre sem potra” (óh mãe, já não cabem mais couves).Passava-se à escrita do envelope: Virgina Nunes. Quase sempre com borrão, traidor dos cuidados postos num V artístico. Mesmo com este nome e percalços as cartas sempre chegaram ao destinatário.

Títulos
Usar doutor e engenheiro como se fosse nome de baptismo é uma coisa muito nacional, cá nossa. Com o tempo tenderá a desaparecer, mas por agora é ainda uma forma de catalogar pessoas. O presidente de uma empresa que integra o PSI20 perguntava, quando lhe apresentavam alguém: doutor ou engenheiro?
Há quem diga que desta forma a incompetência nunca tem nome, branqueada que fica por essa abstracção.
Quem foi a besta que fez isto? – O dr.
De quem é a responsabilidade do prédio que ruiu? – Do eng.
Desta forma o António, o Manuel, a Otília, enquanto tais, nunca são implicados.

segunda-feira, 19 de março de 2007

(in)Ventos de boca

Explica com que intentos
Inventaste
E lançaste eventos
Contra os ventos

A meia tarde suaste
Às vezes a meia haste
E no minuto de silêncio
Pensaste
Opor invenções
A convenções

Os inventos
São razão
Por explicar
Uns vêm do ar
Outros de eventos
Outros de aparições

Mas
Contra os ventos.

quinta-feira, 8 de março de 2007

Chelsea
(clube elitista inglês, pertença de um russo e orientado por um português)

Dei por mim a torcer pelo Chelsea neste último jogo com o Porto. Teria a mesma inclinação qualquer que fosse a equipa, nacional ou não. O que se passa é que nutro admiração pelo Mourinho e pela forma “arrogante” que aparenta ou que tem mesmo. Nas multinacionais por onde andei faltou-me algumas vezes aquele atrevimento para resolver certos impasses. Cada vitória dele, mesmo que sublinhada por “boutade” de arrepiar, ou talvez por isso, é como que um ressarcimento pelas situações de prejuízo que experimentei.

DITADO



“Quem trabalha muito erra muito, quem trabalha pouco erra pouco e quem não trabalha é promovido.”
Posted by Picasa

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