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segunda-feira, 31 de dezembro de 2007

Bons momentos em 2008
O zapping na floresta de lixo que as televisões guardam para esta época levou-me a um programa dos que prendem. Conversa pura, sem ser bacoca. Na 2, Paula Moura Pinheiro com Beatriz Batarda. Duas mulheres, uma inteligente outra bonita; simplificação perigosa, porque a inteligente também era bonita e a bonita também inteligente. Falavam sobre a felicidade, tema complicado, mas todos os intervenientes coincidiram numa ideia: a felicidade permanente não existe. Existem momentos em que o balanço entre as expectativas e os interesses individuais é mais equilibrado, e isso pode ser a felicidade (Alain Touraine). A procura da alegria e do bem comum, que para alguns era a felicidade, degeneraram em situações catastróficas como as ocuparam o século passado, com as sociedades amordaçadas; embora neste momento vivamos num sempre em festa, num espectáculo permanente, num circo, triste porque não é inocente (Eduardo Lourenço). A felicidade é o momento em que se “tem“, quando se “tem”, o público numa peça a viver o drama que se representa (Beatriz Batarda). Nesta altura do ano em que os termos felicidade e derivados são dos mais usados do léxico – felicidades para o próximo ano, natal feliz, … -, vale a pena emendar a mão e desejar, tão só, bons momentos de felicidade para 2008.
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quarta-feira, 26 de dezembro de 2007

De formação

O mercado oferece hoje um sem número de pós-graduações, mestrados, doutoramentos e outra formação aprofundada sobre corporate governance, ética nos negócios, liderança autêntica (presume-se que a outra não o é), riscos comuns, riscos extremos, eu sei lá. Há uma coisa que eu sei, que todos sabemos, ou o ensino tem pouca aderência à realidade ou os responsáveis pela condução da coisa económica e social têm faltado às aulas.


sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

21 de Dezembro de 1967

O gosto de estar
Num café de Lisboa
Num sábado de Inverno
De livro a estudar

O fumo
O fumo é um inferno
O gajo da gabardina
Gasta o queixo na mão direita
A esquerda
é de nicotina

O olhar perdido
É a pose e a pausa
Partes do filme
Do cinema da esquina
(Dizem que vai aí um Fellini)

Na cantina de Ciências

É bom pr'a estudar
Há silêncio há miúdas
Mas falta-lhe o bruaár

No Martinho há bilhar
O Coimbra não tem recato
No Palladium deixam estar
Contando com o resmungar
("os doutores lixam-nos a vida")

(Isto está a piorar pá
Na Guiné limparam 80
Disse um tipo no Vá-Vá
aquilo não se aguenta)

Deixa vamos ao Império
Ver as tipas d' Avenida
Desfilar na passarelle
Enfin, la vie est belle


quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

Subprime, nós?
Entende-se o cuidado dos responsáveis quando avaliam em publico a questão do impacto do "subprime", no sistema financeiro e por arrasto na economia nacional. Mas já neste momento os estragos são muito superiores aos que se esperavam. É que se a Banca, sobretudo nos países mais afectados, emprestava dinheiro contra garantias que de reais pouco tinham, e por isso ficou a arder com consideráveis incobráveis, hoje a mesma Banca, que já fez ou vai fazer “write-off” de elevados montantes, não empresta aos seus pares, nem mesmo aos bons cumpridores. Os problemas de liquidez no sistema bancário são reais. O resultado está a ser uma subida da taxa de juro mesmo no “prime”, e um regresso dos velhos Depósitos a Prazo como último refúgio dos aforradores. Num pais com um nível de endividamento das famílias em relação ao rendimento disponível
superior a 120%, vai assistir-se a um geral apertar do cinto, os créditos já assumidos ficaram (e ficarão ainda mais) caros e o consumo vai baixar. Maus tempos para a economia, que vai desacelerar. É a globalização, pá.

Brandos costumes
Acabar como o campo de tiro de Alcochete para instalar o novo Aeroporto e fechar o Clube de Tiro de Monsanto por razões ecológicas, não me parecem decisões muito consentâneas com os tempos que correm. Onde é que o pessoal que tem as armas vai depois fazer o gostinho ao dedo? Eventualmente no Porto, onde parece que o uso de armas é mais liberalizado e os alvos são outros que não os pobres pombos e os inócuos pratos. E depois há sempre um clube nocturno para festejar a pontaria, quem sabe, com o próximo alvo.

quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

Tratado de Lisboa
Sobre o Tratado de Lisboa não pode haver referendo porque o texto é tão complicado que o povo não ia perceber. E seria uma perda de tempo tentar explicar um texto extenso e cheio de conceitos “híbridos”. Depois pode haver uma reacção do tipo, se não percebo voto não. E se esta ideia se generaliza é uma grande chatice. Claro que se poderia mandar imprimir e distribuir uma separata com o título “Tratado de Lisboa Explicado a Totós”, mas sairia caro e poderia ser isto mal recebido. Fiquemos por aqui. A festa foi linda, pá.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

Do ocaso e dos absentistas
Ontem houve o encontro dos ex da ex-Old Co. É estimulante saber que os amigos estão bem profissionalmente e de saúde e que eventuais mal entendidos doutros tempos ficaram diluídos na espuma dos anos que passaram. Houve faltas imperdoáveis. Mas há a notar dois tipos de absentistas. Os que não puderam estar, por motivos de vária ordem, e disso deram antecipada notícia ou ainda virão a dar, esses é como se tivessem estado, pese embora a falha da presença física; e os que não respondem a este tipo de eventos, porque estão já tão perto do sol que o brilho que este lhes empresta os inebria. Ícaro sofreu do mesmo equivoco e voou ao encontro do sol ignorando as recomendações avisadas de Dédalo, que lhe repetiu vezes sem conta os cuidados que as asas coladas com cera exigiam. O resultado é conhecido, derretida a cera, as asas desfizeram-se e Ícaro acabou nas profundezas do mar. Há voos fatais para os deslumbrados com o seu precário poder.
Foto:Ícaro e Dédalo, por Charles Paul Landon
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quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

Excesso de zelo
Ouvi por aí que a partir de Janeiro, presumo que o próximo, por decisão dos burocratas de Bruxelas, só poderão ser vendidos bolos, queijos, e quejandos embalados à unidade. Antevê-se a morte dos pastéis de nata quentinhos e das bolas de Berlim a transbordarem de creme. Não aguentarão o invólucro de plástico. E do queijo da serra, nem se fala, deixará de exalar aquele tão incómodo como apetitoso odor, deixará de respirar. É para proteger a saúde, dizem eles. Aliás não é só Portugal que está na berlinda, neste particular da alimentação. Os romenos têm um hábito ancestral de matar um porco no Natal. Cada família mata o seu. Tradição que vem do fundo dos tempos. Noite de Natal sem matança de porco não é Natal para os romenos, mesmo nas cidades. Avizinha-se um braço de ferro entre Bucareste e Bruxelas. Até aqui, enfim, os prejuízos são irreparáveis mas os hábitos mudarão, claro (olhem os fundos!). Mas o maior desastre é a questão da portuguesíssima bica, que não poderá mais ser servida em chávena, só o poderá ser em copos descartáveis. O sabor será outro, já não é de bica que estaremos a falar. Não imagino como irão fazer os que pedem a bica escaldada ou em chávena fria. E, se os copos a haver forem de cartão, uma italiana poderá desaparecer no fundo, absorvida como acontece com a tinta em mata-borrão.

terça-feira, 4 de dezembro de 2007

O erro de Malthus
Poderá um país desaparecer por se tornar inviável por razões demográficas, económicas ou ambientais? As três coisas andam ligadas. Com a taxa de natalidade a baixar e o envelhecimento a galope o rejuvenescimento da população é mais difícil e a produtividade reduz-se em consonância. Acresce que as alterações climáticas dão uma ajudinha, para baixo, à economia e, ao que parece, também contribuem para a esterilidade masculina. A riqueza do país vai sofrendo erosão e isso contribuirá para uma ainda menor natalidade. Se assim for um país pode desaparecer. Malthus enganou-se redondamente, no início do séc. XIX, quanto ao crescimento, a taxas geométricas, das populações.


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