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segunda-feira, 17 de março de 2008

E se houver crise?
JP Morgan e Fed salvam o Bear Stearns da falência. O Bear Stearns é um banco de investimentos. O quinto mundial em dimensão. O Fed financiou o JP Morgan para a operação. Entretanto o Fed baixou num domingo, ontem, a taxa de desconto do sistema bancário americano para os 3,25%. Hoje o Dow Jones e o Nasdaq caem e o Euro vale 1,59 dólares. Para ajudar, o velho Greenspan vem no Financial Times a dizer que esta é a crise mais grave desde a 2ª. Guerra Mundial. Por cá o PSI20 já anda abaixo dos 10.000 pontos.
P.S.: A crise ainda não está declarada.

sexta-feira, 14 de março de 2008


Friday light
Friday light: uma impostura. As decisões de relevo a serem tomadas em reuniões marcadas para as 18 horas de sexta. A lista de tarefas a engrossar à vista do fim de semana. Mas fica bem, é um conceito moderno, global, balanceia a vida privada e a profissional. É para os jornais (as xis empresas que tratam melhor os seus colaboradores).
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quarta-feira, 12 de março de 2008

Da música
De volta ao Teatro S. Carlos, liberto de obrigações. Rachmaninoff em duas óperas, duas histórias sobre o amor levado às ultimas consequências: Aleko e Francesca da Rimini. Em ambos os casos a moral - as óperas nisso são naives, têm sempre moral - é muito clara: a única maneira de a pessoa se livrar de uma tentação é ceder-lhe. Mesmo sabendo que caminha para o abismo. Vertiginoso, como a música de Rachmaninoff.


terça-feira, 11 de março de 2008

Conversas (es)forçadas
São inúteis os reencontros de quem não se vê há muito tempo na tentativa de reatar relacionamentos que se foram. Espera-se a pessoa que deixámos e encontra-se um estranho. Refiro-me apenas às ligações afectivas; 20 ou mais anos depois, não as há. As pontes ruíram. O dialogo é difícil. Socialmente houve afastamento, os interesses não são convergentes. Politicamente os alinhamentos são diversos, as susceptibilidades vêm ao de cima. Estes encontros são um suplicio, em que as conversas são um verdadeiro jogo do gato e do rato, com os temas tentados logo abandonados na procura vã de se encontrar qualquer coisa que ajude a quebrar os silêncios do desconforto. O ser não dá para conversa. Fala-se do ter e da anquilose. E do fim que iguala todos. Ou não iguala?

quinta-feira, 6 de março de 2008

Beja Santos
Beja Santos lança hoje um livro sobre a guerra colonial que viveu. Já aqui falei dele. Foi um dos instrutores, recém regressado da Guiné, que encontrei em Mafra em 1971. E relatei um incidente que tivemos, dos menos glorioso da minha carreira militar. Recorda-se aqui. Também fiquei de dizer porque recebi o prémio da mais sólida prelecção aos soldados em Mafra, em que ele pontuava no júri. O tema da prelecção era sobre virtudes cívicas e virtudes militares, e recordo que o que as distinguia eram as circunstâncias. As virtudes militares de camaradagem, lealdade, abnegação, entreajuda e tantas outras, eram verdadeiras e genuínas porque a situação obrigava a isso; ser solidário na adversidade dos acontecimentos. Na sociedade civil estas virtudes são por vezes vícios, porque visam em geral a promoção pessoal, a fotografia, a classificação, a competição. Este foi o mote que levou o júri a distinguir-me. Hoje Beja Santos lança um livro sobre a guerra em que esteve envolvido na Guiné. Vou ter de o ler para ver o nexo de ligação eventualmente existente entre o que passou com ele e as tais virtudes militares tal qual as pensava então. Depois disso deveremos fazer as pazes.

segunda-feira, 3 de março de 2008

Boa educação

“Senhora Ministra! Senhora Ministra! Olhe para aqui se faz favor!” Do palanque de onde se aprestava a fazer o discurso o autarca dava ordens no mesmo tom enérgico e directivo com que terá dito “firme sentido” à tropa em passadas sessões de ordem unida enquanto militar. Seguiu-se a entrega de uma caravela em filigrana “para a Senhora ultrapassar as ondas que por aí vão!”. Vale a pena ver.


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