<$BlogRSDUrl$>

domingo, 29 de março de 2009

Use 'n abuse 


sexta-feira, 27 de março de 2009

E contudo ela move-se 

É o ano dos processos mediáticos. De autarcas, de gerentes de SADs e de outros. Os jornais que se cuidem, escreveram com ribombantes títulos notícias sobre factos que não o chegam a ser. Exemplo exemplar exemplificativo: Marcos de Canavezes.


terça-feira, 17 de março de 2009

O rapaz da gravata vermelha de cabedal 

Foi a primeira pessoa que conheci na firma, descontados os intervenientes no processo de recrutamento. Aconteceu num jantar de Natal em que tive de debutar com a minha acompanhante quase mês antes de ingressar na firma. O convite para o evento natalício não podia ser recusado porque estando embora o ingresso apalavrado a verdade é que tudo podia ainda ser anulado, se não passasse na apreciação dos notáveis. O meu nome e o da minha acompanhante estavam marcados nuns cartões sobre uma mesa em que pululavam ingleses e, no caso, outras minorias avulso. Ele ficou ao meu lado. Jovem, de gravata vermelha de cabedal, bem-parecido. Durante todo o jantar debitou cobras e lagartos sobre a hierarquia e a firma em geral. Falava, ele, de forma tão convencida que passei o repasto a interrogar-me se tinha feito a boa escolha – afinal que firma é esta que me calhou na rifa? Chegada a hora das bailações saltei para a pista com a minha acompanhante, apesar da desafinação dos primeiros acordes do conjunto de baile, tipo 6 latinos +1. O +1, coincidência, era meu conhecido da escola primária e secundária e de vez em quando usava o microfone para falar sobre um tipo pequeno e de bigode que estava na sala (eu). Graçolas de gosto duvidoso que só terão sido entendidas por alguns dos presentes quando numa paragem abandonou o microfone e me veio abraçar com efusivo exagero. Coisa que não resultou nem bem nem mal porque como disse eu não era ainda conhecido e os notáveis já cabeceavam de sono.

Voltando ao jovem da gravata vermelha de cabedal que eu tentava evitar, esperava-me sempre que acabavam as séries de dança. Tinha mais horrores sobre as personagens que acabavam de rodopiar na pista: aquele nunca sabe se está a falar em português se inglês, o outro é um incompetente e só gosta de gajas o que é proibido aqui entre colaboradores, o loiro é escocês e um fuinha como nunca se viu, aquele é manager desde que nasceu. Eu cá pensava, este tipo deve ter aproveitado a festa de Natal da firma para dizer adeus, com a opinião tão negativa que tem de tudo e de todos.

O jovem bem-parecido foi afinal ficando na firma e engordando com os anos, deixou a gravata vermelha de cabedal, passou-se para seda italiana. Casou com uma colega da firma que teve de sair; regras da casa. E depois destes anos todos é manager. E será diz-se.


quarta-feira, 11 de março de 2009

O alfaiate que previa anomalias ortopédicas
Irritava-me quando o Adriano, primo estimado, empregado nos Armazéns Lino, ao fim do terceiro ou quarto casaco que me trazia para experimentar, fazia o seu habitual julgamento: és torto de ombros, é difícil que alguma coisa te fique bem. Defeitos que se corrigiam com enchumaços que me deixavam pouco mais apresentável. Vencido pelo cansaço e pelo temor reverencial marcado pelos vinte anos de diferença entre nós, lá trazia a farpela que o Adriano dizia que me ficava melhorzinho, pouco convencido da justeza das apreciações estéticas sobre os ombros e indumentária.
O diagnóstico feito nos Armazéns Lino pecou apenas por precocidade de 40 e tal anos. Os ombros estão final e notoriamente tortos por via de mau alinhamento da coluna e os braços que nunca se acomodavam correctamente nas mangas, grandes ou largas, dos casacos do Adriano, estão também a mais. É da cervical diz quem sabe.
Só que desta vez os enchumaços não resolvem, há outros acertos a costurar, lentos e dolorosos. O alfaiate é fisiatra e a máquina cose a lazer e a ondas estranhas. O Adriano era bruxo.

This page is powered by Blogger. Isn't yours? -->