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quarta-feira, 29 de julho de 2009

Comemorar 

Falava-lhe de manhã, à tarde e à noite. A tese era coisa difícil e o tema vasto, a necessitar de separar o essencial do acessório. Precisava de síntese. E o lhe esteve disponível pela simples natureza das coisas. Corrigiu, coligiu, redigiu. No dia e após a defesa foi o telefonema da alegria e um "para a semana temos de comemorar". O lhe ficou radiante com o resultado e com a alegria do outro. O tempo passou sem quem houvesse comemoração. A seguir a uma semana vem outra.


Pose 

Então e as férias?

Olha, são as duas primeiras de Agosto lá em baixo, não dispenso os Olhos d'Água, depois dou uma saltada ao Brasil, mínimo 10 dias, jet leg incluído, e por último tenho de dar obrigatoriamente um salto a Vinhais, não posso deixar morrer aquilo, pagar aos caseiros, ver como está o gado.

- Desculpem, o que vão comer?

Uma de carapaus para os dois.

- Salada?

Não é preciso.


segunda-feira, 13 de julho de 2009

Para segunda-feira 

Para não fazeres ofensas  

e teres dias felizes,

não digas tudo o que pensas,

mas pensa tudo o que dizes.


 

António Aleixo, Quadras Populares


quinta-feira, 9 de julho de 2009

Peça do Eça 

Maria Filomena Mónica dizia há dias numa entrevista que Eça de Queirós usava os amigos de forma instrumental.

"O Ramalho tratava-lhe das edições, das provas. "Já reviste? Vê lá o que é que fazes!" (…) O Ramalho sempre tratou de problemas práticos. O mais amigo era o Jaime Batalha Reis, com quem o Eça viveu uma temporada. Batalha Reis manteve-se sempre muito amigo, muito fiel. Faz-me pena que o Eça se tenha portado mal no concurso para a carreira diplomática. A ideia de concorrer tinha sido do Batalha Reis, mas o Eça aproveitou a ideia, meteu uma cunha antes do Jaime Batalha Reis e não lhe disse nada. Ele ficou meio amuado e com razão. Mas mantiveram-se amigos."

Se a conclusão de FM é só pelo que fica dito então todos os amigos são usados de forma instrumental alguma vez na vida. Aliás ela conclui a propósito de Batalha Reis, que se mantiveram amigos. Usar de forma instrumental é usar e deitar fora.

Toda a entrevista de Filomena Mónica


Livros e Autores 

Num salto rápido a uma livraria da Avenida de Roma, aproveitando o fresco destas noites de Verão, verifiquei que dos dez livros mais procurados do momento três são de autores angolanos e moçambicanos. Pepetela, Mia Couto e Agualusa continuam em fulgurante ascensão nas letras em português. Fora raras excepções, os autores nacionais tornaram-se chatos e lamurientos, à imagem do que os cerca. A lufada de ar fresco trazida pela criatividade das narrativas e pelas (re)inventadas palavras e expressões, com neologismos a mandar o acordo ortográfico às ortigas, justificarão a escolha dos leitores. Entretanto o livro "Leite derramado" de Xico Buarque estava esgotado havia dias. Talvez seja por causa do crescente interesse por autores lusófonos de fora que alguns de cá de dentro querem "basar", para emular depois os brasileiros. Como diria o Peter: não se safam, têm "lá" o indelével carimbo de portugueses.


segunda-feira, 6 de julho de 2009

É assim 

Encaro com mágoa imensa
Deste mundo a excepção
Até nos cães há diferença
Uns vivem bem outros não

António Aleixo


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