quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010
Da crise
Agora que o país ensandeceu verifico que é a primeira vez que uso esta palavra que tem um certo ar de coisa árida que vai alastrando e tocando todos e que por isso é mesmo a palavra adequada para caracterizar o momento em que jornalistas dizem que recebem recados e pressões e os políticos têm de ser de ferro para resistir a recados e pressões que jornalistas deixam diariamente fluir com volúpia inebriante que alastra alastra alastra e vai acabar numa qualquer Alcácer Quibir vou sair do campo de batalha onde não estive e ver de longe os contendores para voltar quando a poeira deixar ver de novo o azul do mar.
quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010
Vida
A crise não é afinal passageira. É antes um ajustamento do sistema, uma consequência directa da deslocalização dos mercados. A questão é cultural, não é económica. Como o sistema não é, e compreensivelmente, regulável pelos interessados, assiste-se a uma espécie de implosão que vai tendo réplicas semelhantes às de um sismo. Quantas serão as réplicas e qual a amplitude, não se pode determinar. Não há Almunia que o preveja. Na Europa os do norte vão dizendo que os do sul é que estão mal; ganham algum tempo, mas a falha tectónica também os atravessa.