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quarta-feira, 30 de junho de 2010

O Mercado a funcionar 

Deixe-se vender a Vivo porque o valor pago pela Telefónica à PT já é muito interessante para os accionistas. Tudo tem um preço menos a honra, disse um português em Nova Iorque.

Na serra de Serpa não há energia eléctrica porque há apenas 500 consumidores. Não compensa passar cabos da rede da EDP porque os clientes não são suficientes para cobrir os custos. Que comprem geradores a gasóleo se quiserem ter os benefícios da energia eléctrica. Lia-se há muitos anos no manual de Finanças do Prof. Teixeira Ribeiro que há um mínimo a que todos devem ter acesso, o serviço público, e que esse tem de ser suportado pelo erário público. O conceito morreu. Deixe-se funcionar o mercado.


domingo, 27 de junho de 2010

O jardineiro de Brotas 

O jardineiro de Brotas lembra-me aquele fulano que antes das ecografias adivinhava sempre se o bebé que ia nascer era menino ou menina. Dizia aos pais que era menino mas anotava na agenda menina. Quando os pais reclamavam se afinal não tinha nascido menino ele abria a agenda na data da conversa havida e dizia-lhes, ouviram mal está aqui, escrito à vossa frente, menina; se não apareciam é porque tinha acertado, era menino. E assim vivia da fama de infalível adivinho dominador das ocultas ciências metafísicas. O jardineiro de Brotas quando a relva está crescida e lhe chamam a atenção diz que não é relva, é prado; quando lhe dão os parabéns pela verdura e beleza do prado diz, qual prado isto é relva.

 


quinta-feira, 24 de junho de 2010

Zurique 

Londres por Zurique. É a troca interessante deste verão. Se a troca não é de rejubilar por ser uma consequência de os nossos filhos e filhos dos nossos filhos procurarem lá as condições razoáveis de vida que escasseiam por aqui, em contrapartida é uma oportunidade, ainda que forçada, de irmos conhecendo de perto como vivem realmente os outros europeus e entrarmos nos recantos que não são destinados aos turistas de circunstância. E Zurique é uma cidade que, se por si, já valia a deslocação, agora et pour cause passou a ter muito mais encanto.


sábado, 19 de junho de 2010

Culto e culturas 

O Nany natural de uma terra na Cova da Beira com um nome que não lembra a ninguém, Chãos de Éguas,  adquiriu uma herdade enorme perto de Arraiolos. Para que amigos e família de Chãos d'Éguas ficassem a conhecer a propriedade alentejana, alugou uns autocarros e trouxe meia aldeia até ao sul num domingo de felicidade. Padre incluído. A propriedade tem capela e o padre rezou missa para beirões e locais, mal chegaram. Este meu amigo é católico q.b. mas ficou à porta da capela sentado à conversa com o pastor da herdade. Quando se chegou na celebração à altura chamada de reconciliação, as pessoas lá se cumprimentaram. Com algum exagero alguns procuram neste momento saudar o maior número de irmãos que estejam por perto. Foi assim que saiu de dentro da capela um dos beirões que, numa de fraternidade,  veio cumprimentar o pastor alentejano. O pastor pouco sabia do rito católico mau grado viver há muito tempo no monte mesmo ao lado da capela. Quando  viu o beirão de mão estendida, cumprimento logo seguido de um forte abraço perguntou o pastor admirado: então compadre vomecê já vai de abalada?


terça-feira, 15 de junho de 2010

Rita Ferro 

Rita Ferro é por muitos considerada uma escritora light, não é. Às vezes aprofunda e muito as relações humanas e as contradições sociais, como no livro O Vestido de Lantejoulas. Aqui e agora quero referir que a pequena crónica de opinião que escreveu no último jornal Expresso (12 de Junho, 2010) trata com grande intensidade uma questão nacional: a crise do país. Escorreita, quase à moda jornalística, expõe de forma desassombrada o que se diz em certos meios à boca pequena. Poucas palavras, grandes ideias. Corajosa, a Rita Ferro.


quinta-feira, 10 de junho de 2010

10 de Junho 

Dez de Junho e as comemorações e as condecorações. Fazem sentido estas as de distinguir quem por algum motivo tem contribuído ou contribuiu com engenho e arte, empenho ou risco de vida, para o bem estar de outros ou evitou um mal maior para terceiros a troco de nada. São valores que interessa que permaneçam nos dias que correm em que a gratidão, a amizade o reconhecimento social são termos com cada vez menos sentido. Desestruturada a família segue-se a fragmentação do que une o tecido social nos diversos níveis de coesão que existiu entre os povos até hoje. A relação de vizinhança foi-se. A relação profissional desinteressada e não competitiva é uma miragem. O bairro não tem nada que lhe dê unidade para além das casas que vão amarelecendo sempre fechadas por precaução. O país segue como se sabe o rumo da barca (do inferno) como no auto de Gil Vicente. Distingam-se pois os melhores e comemoremos pouco ou nada.


quinta-feira, 3 de junho de 2010


Alentejo naïve
A feira de Estremoz é um sítio mágico, de visita obrigatória em cada sábado. Lá se pode mercar toda a sorte de coisas. De sementes variadas a couves e outras hortícolas prontas para dispor. Velharias, frutas e animais de capoeira ainda vivos. Beber um copo na taberna ou passar os dedos por postais dos primórdios da fotografia. Mas o que verdadeiramente ainda espanta e encanta é a barraca dos robertos, a mesma que me prendia aos domingos, horas a fio, no Campo Grande em Lisboa, quando eu tinha menos anos em cima e antes do parque ser retalhado por faixas alargadas de automóveis. Nos robertos ou fantoches, o contador da estória movimenta os vários bonecos e faz as respectivas vozes, agachado no espaço exíguo da barraca. É impossível resistir à ingenuidade da demonstração. No tempo do powerpoint.
Posted by Picasa

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