domingo, 27 de fevereiro de 2011
Encontro no Isaías
Sentaram-se, ele e ela, na mesa junto à entrada do restaurante, viram o menu e pediram. Quando já comiam puxei do telemóvel e marquei o número do restaurante onde estávamos, eles e nós. Separados apenas por duas mesas. Pedi, como se fosse de longe, para me passarem ao cliente Joaquim Vicente, aquele senhor de blusão castanho que estava sentado na mesa junto à porta. Não foi fácil explicar a quem atendeu como é que eu sabia que lá estava aquele senhor, o que vestia, enfim, mas lá fez a pergunta à pessoa:
- Desculpe, é o senhor Joaquim Vicente?
- Sou sou, mas ó diabo, como sabe, o que aconteceu ? – perguntava o Quim entre o admirado e aflito.
- Não sei, mas tem aqui uma chamada para si, dizem que é urgente.
Deixou de comer, pegou no telefone, lívido:
- Estou!
- Estás sim Quinvincente - chamado assim por, em novo, ser pouco convincente – e eu estou vingado, quarenta anos depois!
Levantei a voz umas oitavas acima para que fosse audível sem ser pelo telefone. Ergue-se o nosso homem e foi então que me viu. Os sorrisos de apanhado, os abraços e lá acertámos contas, recordando a partida que ele me fez há quarenta anos. Num café de Benfica estávamos numa daquelas mesas, repleta de gente, às voltas com conversa mole quando ele se levanta, ia aos lavabos. Segundos depois o empregado chamava, em voz estridente e audível em todo o café, pelo meu nome e completava:
- Ao telefone, é urgente!
Fui. Intrigado. Nunca me tinham telefonado para um lugar público. Ele, o Quim falava - iria saber daí a pouco - afinal da cabina telefónica que havia em frente do café e isso permitia que a partida, sabida por todos menos por mim, pudesse ser presenciada pelos presentes e pelo autor da graça, através das amplas vidraças. Foi a risada geral.
Agora foi a paga, com ajuda do novel telemóvel. Com graça, mas com muito menos da que teve então. Ambos já com muita vida vivida.
quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011
A piece of good advice from Paula Span!
Today a 40 minutes walk, sunshine, minus 5.
Always walked, in the woods, on the streets, in the office.
Memory OK. No problem to remember my first day with PW, Stockholm -
January 2, 1939, or the day I retired, June 30, 1975 - nor the birthdays
of 6 grand- and 9 greatgrandchildren.
Klas de Vylder, b.1914
PS But what did I do last Sunday?
XPW-Europe
quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011
quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011
Mato e Morro no Procópio
Encontro no Procópio. Falámos da escola superior que era o Café Paraíso de Benfica, hoje desaparecido. O café ficava em frente da igreja e lá se juntavam estudantes das várias Universidades de Lisboa. Depois fomos ambos para o COM, o famoso Curso Oniverstário de Mafra, graça para referir o curso de oficiais milicianos. Separámo-nos aí. A ele calhou-lhe Moçambique; a mim Angola. Hoje entre umas cervejas falámos da vida. Dos filhos de cada um. Dois netos ele, eu um. A tropa e o horror que foi. O pós-tropa dele foi ainda pior. O primeiro encontro com o filho que tinha dois anos e picos e da mulher que deixou grávida e que não o soube esperar. Na despedida deu-me com dedicatória o livro onde exarou há anos as singularidades da sua existência. Titulo: Mato e Morro; autor: João Fernandes; editora: Prefácio. Foi assim a conversa. Num bar, cenário imortalizado por Vargas Llosa em Conversa na Catedral. Terá sido para Llhosa este o livro que o catapultou para o prémio Nobel atribuído no ano passado. Mato e Morro é agora a minha leitura, não será um Nobel mas está muito mais próximo de mim.