quarta-feira, 27 de abril de 2011
Num céu cinzento…
O grande imbróglio em que estamos, económica, financeira e mesmo desportivamente (no caso dos clubes de Lisboa) tem um denominador comum: a banca. É claro que agora vão-nos dizendo que os consumidores são os grandes actores (culpados) desta peça, e vão-nos querer dizer que "faça férias gora e pague depois",nunca existiu.
quarta-feira, 20 de abril de 2011
Quinta-feira Santa
Quinta-feira Santa de Endoenças. Endoenças é uma palavra difícil e pouco comum que significa e tão só perdão. Neste dia é celebrada a última ceia de Cristo com os seus seguidores. Aparece agora um fulano de uma universidade inglesa a dizer que a última ceia não foi na quinta-feira mas sim na quarta-feira. E, digo eu, se afinal não foi ceia mas almoço a última refeição tomada com o mestre? Que importância tem isso para o transcendental em que mergulham estes dias? Endoenças para quem complica o que é simples. Endoenças.
sábado, 16 de abril de 2011
Domingo de Ramos
A Semana Santa inicia-se no domingo de ramos e nele se celebra a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém, aclamado com galhos de palmeira, por quem alguns dias depois o condenaria à morte. A minha primeira recordação deste dia é longínqua. Teria quatro ou cinco anos. Acordava-se cedo e todos caprichavam em aprimorar um ramo de loureiro profusamente enfeitado com flores campestres. A missa era seguida de procissão pelas ruas da Vila e no final os ramos eram benzidos. O louro era guardado até ao ano seguinte e usado apenas em ocasiões especiais. A minha avó usava-o quando as trovoadas ribombavam e os raios caiam sobre a vinha da Casa Grande. Nessas alturas fechava-se sozinha ou quem tivesse em casa, numa divisão escura que havia entre o quarto e a sala de jantar. Lá retirava da prateleira o ramo de loureiro bento, agarrado com ambas as mãos contra o peito, e rezava, rezava e fazia-nos repetir mesmo que aos quatro anos entendesse nada da arrazoada que interrompia quando algum trovão abanava a mais a casa. A oração era dita até que a natureza se acalmasse.
Santa Bárbara bendita,
Que no céu está escrita,
Com papel e agua benta,
Livrai-nos desta tormenta.
Onde vais Bárbara
Senhor, vou ao céu,
A livrar-me das trovoadas,
Que neles andam armados.
Pois Bárbara, bota-as,
Bota-as p´ra bem longe,
Onde não haja sinos a tocar,
Galos a cantar,
E meninos a chorar,
Mas haja uma serpente bem grande,
Que tenha 24 filhos,
E não tenha nada que lhes dar,
Só água de trovão,
E leite de maldição
quinta-feira, 14 de abril de 2011
Desgaste antes do resgate
As eleições são por definição o acto de escolher quem nos representa. Durante a campanha os partidos vão necessitar de sublinhar as diferenças que têm entre si. Entretanto decorrem as negociações com vista a salvar o país de incumprimento financeiro que, segundo o próprio Ministro das Finanças, pode ocorrer em Junho se não houver acordo entre os partidos e o FMI. Estas negociações obrigam, então, os partidos a baixar o tom de conflitualidade da campanha e a acordarem nos aspectos económicos, financeiros e sociais que nortearão a nossa vida nos próximos anos. Não vão ser capazes de se conter na linguagem e outras diatribes como bem diagnosticaram os romanos três séculos antes de Cristo: há, na parte mais ocidental da Ibéria, um povo muito estranho que não se governa nem se deixa governar!
sábado, 9 de abril de 2011
A procissão ainda vai no adro ou a estória do Tarari
Portugal's bail-out
A bail-out foretold
Apr 7th 2011, 15:10 by The Economist | BRUSSELS
WHAT a difference a year of crisis can make. When Greece was in trouble this time last year, the European Union wavered for months about whether and how to bail it out. Now with Portugal the resistance has been on the other side. José Sócrates, the Socialist prime minister, tried to avoid asking for rescue until the last possible moment before going under. The European Commission, on the other hand, said his request would be processed “in the swiftest possible manner.”
Some European finance ministers expressed relief. Germany's Wolfgang Schäuble called the move a “sensible and necessary step”. Others criticised Portugal for unnecessary delay. "They should have requested aid much earlier. They have placed themselves and Europe in a very difficult situation,” grumbled Sweden's Anders Borg.
One minister who will not be pleased is Finland's Jirki Katainen, leader of the centre-right National Coalition party, who hopes to become the next prime minister following this month's general election. Anti-EU sentiment in Finland has been fanned by the crisis and repeated bail-outs, boosting the far-right True Finns party.
The EU will insist that Portugal submit to a tough adjustment programme, perhaps tougher than the austerity measures that the EU approved but the Portuguese parliament rejected last month, bringing down Mr Sócrates's minority government.
The matter will be discussed at the informal meeting of finance ministers outside Budapest tonight and tomorrow. They may order a mission by experts to negotiate the terms of any rescue, which would them have to be approved by them.
This third bail-out, after that of Greece and Ireland, has caused little surprise. But a political cloud hangs over the negotiations. Does Mr Sócrates's minority government have the authority to negotiate the adjustment measures with the EU and the IMF (detested by many in Portugal after the adjustment programmes it endured in the 1970s and 1980s) before elections in June? And if he is replaced, will his successor come back to Brussels demanding to renegotiate the deal, as Enda Kenny, the new Irish prime minister, has attempted to do?
For now, the commission is sticking to a rather formal line that it will negotiate with the authorities of the day. But it points out that the main centre-right opposition party (called the Social Democrats) supports the request for a bail-out. Nevertheless, the question is whether, in the heat of an electoral campaign in which each will try to blame the other for the country's woes, either Mr Sócrates or his opponent, Pedro Passos Coelho, will be able to agree on precisely how the squeeze should be applied.
Another politician who has a stake in events in Portugal: the president of the European Commission, José Manuel Barroso, a former Portuguese prime minister. His relations with Angela Merkel, the German chancellor, have been testy. She did not appreciate his public pressure for a bail-out duiring the Greek crisis. More recently she has suspected him of being too soft on Portugal. It is not just governments and Brussels-watchers who will be scrutinising Mr Barroso. Now that his native country is in an election campaign, Portugal's political class will inevitably wonder whether his actions somehow favour Mr Sócrates or Mr Coelho (Mr Barroso's political stable-mate).
Long before Portuguese voters pass judgement on all this, the most closely watched verdict will be that of the bond markets. Investors seem to be pleased that the economic uncertainty is ending. But will they get twitchy if the negotiations with Portugal drag on? Will they test the robustness of Spanish government debt? The mood in the euro zone's most troubled economies will not be improved by the European Central Bank's decision earlier today to raise interest rates by 25 basis points. Aware of the criticism, the ECB president, Jean-Claude Trichet, said the rise was not necessarily “the first in a series of interest rate increases”. In other words, the trouble in Portugal and elsewhere may stay his hand for a while.
quarta-feira, 6 de abril de 2011
Em Deus acredito, os outros pagam a pronto. Vi isto há uns anos num quadro posto na parede de um pub de Londres quando ao quinto ou sexto pint já achava graça a tudo. Nem nunca tinha reparado que os dizeres In God We Trust constam das traseiras das notas de 20 dólares. Nada como gastar com fé. As notas de 20 euros são tão pouco características que nem têm umas palavrinhas de esperança, nem de fé, nada. Assim não nos restarão saudades quando as virmos partir. Definitivamente?
sexta-feira, 1 de abril de 2011
Maquinistas, pilotos e outros empatas
A CP começa a fazer perder a cabeça a muitos portugueses. A CP e não só. Ele há classes que se acham acima da média, acima do comum dos mortais. A saber: maquinistas, pilotos, os tipos dos barcos que atravessam o Tejo e os camionistas. Não sei qual é o motivo que leva os maquinistas e chatear os utilizadores dos comboios, desta vez. Mas num país de tanga, se lhe tiram a tanga, fica nu. Nem seria grande o desastre se por debaixo da nudez crua houvesse alguma verdade, mas suponho que nesta altura só encontraremos mentiras e pequenas. A título de conclusão: cada dia de comboios parados é capaz de dar uma receita boa ao país a julgar pelo astronómico défice que as contas apresentam. Com os comboios a andar!