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domingo, 25 de setembro de 2011

Meia Noite em Paris

Já vi melhores filmes do Woody Allen do que este que está em exibição, Meia Noite em Paris. Contudo, só poderia ser obra de um génio. A forma como joga com o tempo, fazendo o actor principal, Owen Wilson, passar de 2010 para vários momentos de séculos anteriores e volta, é soberba. Assim como a ideia de fazer desfilar muitos dos artistas, escritores e outras figuras boémias que tornaram Paris a cidade da liberdade, da criação e da curtição. Os diálogos estão magistralmente adaptados a cada um dos tais imortais de Paris e a cada momento histórico sem que haja descontinuidades. Enfim, um filme talvez fácil de conceber mas difícil de realizar e que vale também pelos primeiros minutos em que mostra as jóias urbanas da cidade das luzes . De tão sugestivos os locais, fiquei com vontade de lá voltar em breve e rever a Ópera, os Campos Elísios, a Praça Vandôme, os jardim das Tulherias, a roda gigante, a estafada Torre Eiffel; e saborear umas suculentas ostras com um vinho branco numa esplanada ao fim da tarde ou uma soupa de cebola em Montmartre numa noite fria. E até voltar ao Maxim’s que já há 30 anos se apresentava decadente e blasé, como decadente e blasé já era o Maxim´s de Woody Allen neste filme de imagens de uma beleza quase inefável.


segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Fintas à crise

Nada de muito empolgante se tem passado nestes dias. Os temas de que se fala são recorrentes. A crise, as indefinições da Europa, as batotas dos países periféricos agora engrossadas pelo Alberto João. Foi a crise que me levou a olhar para o Relatório e Contas de um banco nacional. Também aqui nada seria digno de registo não fora o capítulo das remunerações dos órgãos directivos. Tive de ler, reler, verificar e ampliar o pdf para me certificar de que não estava no Qatar ou noutro país do ouro negro e das mil e uma noites. Não, estava por cá, em Portugal, que ainda se escreve com letra maiúscula, até que a troika se lembre de ordenar o contrário. Embora o que li seja publico, está patente no site do dito banco, não vou revelar todos os valores nem de que banco de trata. Por pudor puro. Deixo-vos só um gostinho do que vi. Na top line o boss mostra proventos mensais superiores a 100K Euros. A inveja não me assiste; palavra! Até tive pena da pessoa, imaginando o esforço que tem de fazer para dar destino diário aos mais de 3K Euros que aufere. Banca e crise não rimam para alguns amanuenses.


segunda-feira, 12 de setembro de 2011


Agora Sim!

O Verão está no fim mesmo antes de começar.
As festas em vilas e aldeias ainda vão dando um ar da sua graça, na tentativa, que se espera não vã, de darem alguma vitalidade a esta gente esmorecida e anémica. Em Mora os Deolinda animaram o último Domingo com a sua última actuação da digressão da temporada. Da estrada, como dizem os artistas. O espectáculo foi morno, não chegou a haver "corrente" entre o público e o grupo de música, mau grado o esforço da Ana Bacalhau. O público destes eventos balanceia entre o pimba e os xutos. É mais fácil escolher entre o "fast" e o "take away". Letras difíceis não. Apesar dos gritinhos que sublinharam as duas últimas cantigas dos Deolinda, já em tempo de voltar ao palco, o que parva que eu sou e o movimento perpétuo associativo, com o emblemático
-Agora não, que é hora do almoço...-Agora não, que é hora do jantar...-Agora não, que eu acho que não posso...
-Amanhã vou trabalhar...

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Virtual e alavancado

Quando entrámos no século XXI estávamos grandemente persuadidos de que eram adquiridos e irreversíveis a maioria dos aspectos que nos acompanhavam naquela esquina do tempo: estilo de vida, padrões de consumo e sociedade do bem-estar. Os políticos chamaram a si o mérito do idílico paradigma; os economistas provavam com modelos sofisticados que Keynes estava ultrapassado e que um certo neoliberalismo era o caminho; os das novas tecnologias chegaram com soluções que respondiam à simplificação do trabalho e ao paraíso do lazer. Uma década depois a internet, que destronou já a era da digitalização, colocou tudo na nuvem. É tudo virtual e alavancado. A virtualização veio estreitar muito a distância entre a causa e o efeito, gerando ciclos virtuosos, amplificadores de umas e outros, em tempo nunca antes experimentado. A alavancagem, que é afinal a virtualização financeira, trouxe-nos até à incerteza e dúvida actuais. Sobre o desfecho de tudo isto, como dizia alguém, prognósticos só depois do jogo. Que, infelizmente, não vai durar apenas noventa minutos.


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