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segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Tempo perdido

Houve um tempo em que julgava que escrevia; afinal só fazia relatos. Factos, consequências e recomendações, eram o sincopado esquema de um relatório tipo. Havia umas derivadas de quando em vez fazendo intervir o prazo, a qualidade e o preço ligados a qualquer coisa chamada ao caso, às vezes nado ali, sem progenitores. Para abrilhantar a escrita organizava-se o enredo à volta de pessoas, organização, tecnologia e processos. E o relatório engrossava sem que transpirasse vida, criatividade ou qualquer sentimento ou cor ou cheiro. Anódino e a fazer-se ares; balofo. Fazer saltar ideias das palavras é dom de artistas, dos que têm capacidade de surpreender e de agarrar.

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

INGRATIDÃO

Já foi há tempo, mas ainda recordo o ar contristado com que um banqueiro se queixava de que agora os bancos são os bombos da festa, que se não fossem os bancos a economia não sei quê e em particular os bancos de investimento não sei que mais. Tocou-me o tom sentido como a coisa foi dita, estou certo que os outros 9 milhões e tal de tugas foram também tocados pelo ar esquálido e atormentado do fiduciário, que de barba por fazer e olheiras quase orelheiras, fitava as câmaras com tal dificuldade que até gaguejava. Via-se que não dorme um sono bem dormido há muitos meses. Realmente o povo é um ingrato. Sobretudo com quem está sempre na linha da frente, ontem no Compromisso Portugal hoje noutros compromissos.


segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Banco de Portugal, offshore?

Será que o Banco de Portugal é um banco offshore? A pergunta resulta do facto de o BP ter vindo a lume dizer que vai pagar os subsídios de férias e de natal ao arrepio do que vai ser aplicado aos funcionários do Estado e aos reformados.


quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Explicações simplistas mas irritantes

Factos são factos. Os números e as percentagens apresentados não foram confirmados contra outras fontes, mas não deverão andar longe da realidade.


A concentração da riqueza pode ser geradora de conflitualidade.


terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Ronaldos e economistas

Este país tem uma silly season cada vez mais longa. Noutros tempos acabava com o fim do Verão, mas com um Inverno deste, em que não chove e o sol irradia calor e claridade, a estação maluca prolonga-se por mais tempo. Corre-se o risco de vir a durar os 12 meses do ano. Veja-se só: um jornalista pergunta ao Ping Tell'Huo se não achava que 600K euros de remuneração anual para um “role” sem grande relevância não era excessivo. Resposta: sou economista, tenho um valor de mercado como um Ronaldo, um Di Maria. Num tempo em que o vencimento de um trabalhador comum é muitas vezes nada, este fulano que já nem chuta à baliza - qual galático auto-convencido - não deve ser deste campeonato.

domingo, 1 de janeiro de 2012

Ano Novo

Acabo de ver na TV o concerto de Ano Novo da Orquestra e Ballet da Ópera de Viena. Foi um espectáculo transcendente de uma beleza inefável, que mostrou que a cultura pode ter duas vertentes não antagónicas: arte performante e negócio. Os bilhetes são disputados com meses de antecedência e esgotam logo, qualquer que seja o preço. Elevado.

Esta orquestra, este espectáculo, nunca poderiam ser portugueses, no Portugal actual. Veja-se o raciocínio neo-liberal lusitano reinante. Violinos seriam uns 20, para quê se todos estão a fazer o mesmo; corta 19. Fagotes eram também meia dúzia, 5 podem sair. As trompas, aliás a sublinharem a mesma melodia que os trompetes, são dispensáveis; ficariam só alguns dos trompetes. O bombo, só entrava de vez enquanto, com períodos de paragem muito longos; deveria ajustar-se o salário ao esforço; reduzir salário. O pandeireta teve uma intervenção apagada, duas pandeiretadas, e o músico parecia muito cioso do que estava a fazer; substituir por tocador de rancho a custo zero. Violoncelos, seis, muito sincronizados mas a revelarem muita ineficácia; substituir por um com amplificador electrónico. Maestro, nunca se viu os músicos olharem para ele, apesar de estar alagado em suor, resultado dos enérgicos movimentos da condução maneirista da orquestra; despedir o Maestro.

E pronto o concerto de Ano Novo dos Strauss, no Palácio Belveder em Viena de Áustria, à luz do que se pensa por cá, constituiu um evitável desperdício, substituível com vantagem de custo e audiência lusa por Quim Barreiros. Menos exigente, capaz de actuar em qualquer terreiro e dispensando o elitismo de palácios, polcas e valsas.


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