terça-feira, 25 de dezembro de 2012
Natal Natais
Dos
Natais guardo alguma lembrança. Dos primeiros de que me lembro, os melhores
foram passados em Almada. Eram mais de dez pessoas numa assoalhada, mas pouco
interessava, porque o importante era a manhã de dia 25, cedo corríamos à
chaminé e, magia, um sapato cheio de coisas que nem se sonhava que existiam:
carros, cornetas, comboios. Brinquedos de lata, pois o plástico não tinha ainda
chegado. Seguiram-se depois muitos Natais, alguns de vil tristeza, outros de
alegria genuína. Os da guerra em África são outros que marcam presença na minha
memória rígida porque, para além de o espírito vivido ser pouco natalício, tinha
ainda a obrigação de puxar pelo ânimo dos que me acompanhavam e confiavam em mim.
Seguem-se muitos outros, já com a família acrescida, os descendentes e o
entusiasmo semelhante ao meu de Almada. Muitos, trinta e mais, anos antes. E
nova geração se junta agora; a dos descendentes dos descendentes. O Natal é
isso: gerações com gerações. Dias de nada fazer, comunhão de sentimentos de
família fragmentada pela crise. Áh! a mesa! Esse ícone à volta do qual se têm as
conversas de um ano. As boas e as más, a titulo de inventário de percursos. Quase
sempre divergentes, mas convergentes no ponto de partida. O Natal congrega tudo
isso; é um bom argumento para no presente se dar uma piscadela de olho ao
passado. E ignorar, por uns dias, o futuro.
segunda-feira, 17 de dezembro de 2012
Hello! are you there?
Vivemos numa sociedade de desperdício, sim senhor.
Quando há 50 anos não havia papel escreviam, os que sabiam escrever, nas
margens de um jornal, em papel de embrulho ou simplesmente na pequena ardósia
da escola. Hoje temos as imensas nuvens de “word”, que se podem trabsformar em infinitas “folhas”,
as que quisermos, e não escrevemos nada. Isto é desperdício. Como desperdício é
as pessoas terem uma miríade de meios para se comunicarem e manterem-se
acomodadas num confortável silêncio. Este já durava há muito tempo.