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quarta-feira, 25 de setembro de 2013

(de volta ao) Manicómio 

A escuridão não pode expulsar a escuridão, apenas a luz pode fazer isso. Com esta de citação de  Martin Luther King apresentada durante breves segundos, a servir de pano de fundo, o filme O Mordomo envolve-nos no que foi, é, a história bastante recente do racismo no USA. É verdade que salta de Ronald Reagan para Obama, mas no contexto é um pormenor ou uma piscadela de olho do realizador ao actual poder de lá, por via de um eventual Óscar. A somar ao argumento, que me convenceu, há a música do Rodrigo Leão que quadra bem com o tema e vai marcando a linha de  tempo e os principais momentos da narrativa.

Filme interessante para esquecer o retomar da vida no manicómio em que se tornou o país, depois de uma saudável ausência na pacata e ordenada Zurique. Nesta saída, de cá apenas me interessou o futebol e mesmo esse mostrou-se-me traiçoeiro quando dei por mim a ver um treinador a malhar na polícia. Afinal é o homem a morder no cão que eu não esperava ver em tempo real.    

sexta-feira, 13 de setembro de 2013

Conflito sem razão 

Quando rebentou a guerra colonial em Angola, em 1961, pensei isto não é nada comigo quando chegar a minha altura de ser tropa já isto terminou. Ainda nem adolescente era e por isso era uma questão que não se me punha. Nada mais errado, os anos passaram depressa e fui apanhado pelo patriótico dever de defender a Pátria.
Esta guerra entre gerações que se tem acentuado com o beneplácito  dos poderes, diria mais, com um certo apoio, está a ter grande aceitação junto da população que trabalha, de forma mais acentuada nos jovens. Ficam estes com a ideia de que estão a descontar para suportar os velhos, que duram, duram, duram como aquelas pilhas Duracell de um anúncio que teve sucesso na TV. Pois é, esquecem, ou fazem-lhes esquecer -  no sentido de legitimar o não legitimável - , que os velhos de hoje, enquanto activos,  viram o seu ordenado diminuído durante décadas de descontos que pagaram a saúde daqueles, a escola daqueles, e compelidos a entregar aos poderes de então tudo o que lhes foi exigido no sentido de ser constituída uma reserva para pagar as suas pensões. Houve esbanjamento, houve má aplicação destes fundos? Houve. Coisa que não pode ser imputada aos velhos de hoje que afinal continuam a ser os bombos da festa.

A continuar assim a tendência para a desigualdade, aos jovens acontecerá o que me aconteceu com a guerra colonial - que em 1961 pensava que não me atingiria -, serem apanhados pela voraz máquina do casino da vida de hoje.

domingo, 8 de setembro de 2013

Crescimento da economia 

A propósito do fim da crise, ou antes, do fim da recessão, interessa ver as coisas com óculos mais limpos, sem dedadas ou outras manchas que distorçam a realidade. Há recessão, tecnicamente, quando há três trimestres consecutivos com o PIB a baixar. Basta que haja um trimestre em que a o PIB cresça para se poder dizer, tecnicamente, que há crescimento, que é o contrário da recessão.

Parece que no último trimestre o PIB cresceu à volta de 1%. Pois é, euforia. Veja-se o caso de um copo cheio de água, se se perder a água equivalente a meio copo, ficámos com metade da água. Se a esta adicionarmos 50% da que ficou, o copo não a fica cheio porque 50% de metade é um quarto. Ou seja o copo, com um crescimento de 50% fica, ainda assim, com 75% da sua capacidade.

Concluindo. Como o PIB vem a descer desde 2009, o copo continua bastante falho. O crescimento de 1% em relação ao PIB de há 3 meses não permite dizer que melhorámos significativamente. Verdadeiramente só quando o rendimento voltar aos valores de 2009 poderá dizer-se que saímos do buraco. Ora isso não se verificará tão cedo. Ou talvez nem venha a verificar-se nas próximas décadas.

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