domingo, 24 de novembro de 2013
Zombies
Naquele dia a manhã já ía alta quando entrei no metro. Há muito que não me servia de transportes
públicos, fosse porque passo agora muito tempo fora de Lisboa; fosse porque em
Lisboa me deslocava de automóvel. Luxos. Mas os tempos são outros e há que voltar a
contar os tostões, coisa que tinha deixado de fazer quando aos 18 anos, passei
a ganhar do trabalho o suficiente para me bastar. As estações estavam em poupança, à
média luz, e os passageiros não eram muitos, talvez porque os grisalhos
deixaram de ter a grande regalia de poder viajar a preços reduzidos nas horas mortas (estes novos (J)estores não veem que os custos fixos estão lá e qualquer receita adicional minora os prejuizos). Na carruagem viam-se estudantes e outra gente que parecia no activo e entra tarde, talvez em trabalho por
turnos. Mesmo reduzido o número de viajantes era ecuménica. Várias etnias como no metro
de Londres: brancos, amarelos, mestiços, pretos, mas de expressões faciais
semelhantes. Zombies. Ao contrário dos do metro de Londres que aproveitam as distâncias para ler, estes ouviam qualquer coisa via headphones em telefones
baratos. Um ou outro que aparentava melhor posição social lia em tablet. O que me
ficou da viagem, naquele dia àquela hora, foi a semelhança com um velório.
Tristeza no olhar vago de cada um e cada um no seu mundo. E silêncio. Só
quebrado pelo ruido do rolar do comboio e pelo repetido e sincopado aviso de “próxima estação”. Para a próxima levo também headphones. Ou talvez não leve, não vá ficar sem eles nalgum incómodo arrastão. As condições naquela viagem eram a isso propícias.
segunda-feira, 11 de novembro de 2013
Da geração Stones
Para complicar ainda mais a situação em que
vivemos, só faltava agora que um dos grandes sustentáculos financeiros do país se
envolvesse em quezílias internas. Não se podem antecipar consequências, todas as
instituições e demais interessados irão tentar ignorar ou no mínimo desvalorizar os atritos entre os
primos, mas ainda assim no fim do dia nada ficará como dantes. Acontece quando
o ego é maior que a competência. Já nem o Espírito Santo (nos) vale.