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quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Relaxar 

Num recanto que vem dos tempos medievos. Vila de Avô.


terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Dúvida & divida 

Foi considerado um escândalo propalado aos quatro ventos o que um ex-primeiro ministro disse sobre a divida pública "que não se paga, gere-se". Estou curioso em saber o que vão dizer esses críticos do óbvio acerca da opinião, a mesma, agora manifestada pelo nosso menino de ouro da banca inglesa. 

domingo, 19 de janeiro de 2014

O que Distingue um Amigo Verdadeiro 

Não se pode ter muitos amigos. Mesmo que se queira, mesmo que se conheçam pessoas de quem apetece ser amiga, não se pode ter muitos amigos. Ou melhor: nunca se pode ser bom amigo de muitas pessoas. Ou melhor: amigo. A preocupação da alma e a ocupação do espaço, o tempo que se pode passar e a atenção que se pode dar — todas estas coisas são finitas e têm de ser partilhadas. Não chegam para mais de um, dois, três, quatro, cinco amigos. É preciso saber partilhar o que temos com eles e não se pode dividir uma coisa já de si pequena (nós) por muitas pessoas. 

Os amigos, como acontece com os amantes, também têm de ser escolhidos. Pode custar-nos não ter tempo nem vida para se ser amigo de alguém de quem se gosta, mas esse é um dos custos da amizade. O que é bom sai caro. A tendência automática é para ter um máximo de amigos ou mesmo ser amigo de toda a gente. Trata-se de uma espécie de promiscuidade, para não dizer a pior. Não se pode ser amigo de todas as pessoas de que se gosta. Às vezes, para se ser amigo de alguém, chega a ser preciso ser-se inimigo de quem se gosta. 

Em Portugal, a amizade leva-se a sério e pratica-se bem. É uma coisa à qual se dedica tempo, nervosismo, exaltação. A amizade é vista, e é verdade, como o único sentimento indispensável. No entanto, existe uma mentalidade Speedy González, toda «Hey gringo, my friend», que vê em cada ser humano um «amigo». Todos conhecemos o género — é o «gajo porreiro», que se «dá bem com toda a gente». E o «amigalhaço». E tem, naturalmente, dezenas de amigos e de amigas, centenas de amiguinhos, camaradas, compinchas, cúmplices, correligionários, colegas e outras coisas começadas por c. 
Os amigalhaços são mais detestáveis que os piores inimigos. Os nossos inimigos, ao menos, não nos traem. Odeiam-nos lealmente. Mas um amigalhaço, que é amigo de muitos pares de inimigos e passa o tempo a tentar conciliar posições e personalidades irreconciliáveis, é sempre um traidor. Para mais, pífio e arrependido. Para se ser um bom amigo, têm de herdar-se, de coração inteiro, os amigos e os inimigos da outra pessoa. E fácil estar sempre do lado de quem se julga ter razão. O que distingue um amigo verdadeiro é ser capaz de estar ao nosso lado quando nós não temos razão. O amigalhaço, em contrapartida, é o modelo mais mole e vira-casacas da moderação. Diz: «Eu sou muito amigo dele, mas tenho de reconhecer que ele é um sacana.» Como se pode ser amigo de um sacana? Os amigos são, por definição, as melhores pessoas do mundo, as mais interessantes e as mais geniais. Os amigos não podem ser maus. A lealdade é a qualidade mais importante de uma amizade. E claro que é difícil ser inteiramente leal, mas tem de se ser. 

Miguel Esteves Cardoso, in 'Os Meus Problemas'
Tema(s): Amigo 

Regresso às origens 

Um dia de inverno na Serra do Açor.
Avô - Portugal 

quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Redes sociais 

As redes sociais são traiçoeiras. Mesmo para os mais comedidos, que só fazem delas uso esporádico. Faz-se uma observação por pequena que seja, clica-se num like, fechamos o computador com a displicência habitual e pronto não se passa nada. Engano, é que se passa. Seis meses depois encontra-se um amigo de longa duração, não falo dos fast friends, daqueles de usar e deita fora (tenho muitos desta espécie, é verdade!), encontra-se então um amigo que nos atira certeiro: andaste a dizer mal de mim no facebook! Puxa-se pela memória, cada vez mais falha, a tentar ver no índice desarrumado o que poderia ter sido, quando poderia ter sido e lá chego aos factos. Houve alguém que no verão passado colocou um post no facebook sobre a qualidade de serviço de uma empresa de handling de um aeroporto. Como me tinha sucedido havia dias uma situação igual à descrita comentei a apreciação com outra do mesmo tipo, longe de saber que estava a dar um tiro no porta-aviões. Neste encontro valeu-me o fair play emprestado pela amizade.   



quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Do mau tempo 

De regresso a Lisboa e aos noticiários o que se vê? As vagas de frio, as ondas da altura de arranha céus, as cheias provocadas pela chuva copiosa. Cá e noutros pontos da Europa e dos EUA. Se isto não é o princípio do fim do mundo, parece. A natureza faz avisos que vão sendo reiteradamente  ignorados; mas cá se fazem cá se pagam. As afrontas ambientais feitas ao mar, na costa  de norte  a sul, aí estão a ser  vingadas por ele. Depois da chegada ainda não pude ir verificar se o Alentejo interior, onde me acoito, se transformou de sequeiro em oceano, em resultado das chuvadas intensas, e se a gaiola em que me acomodo lá se tem de transformar numa arca de Noé. 

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