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domingo, 23 de novembro de 2014

À Espera de Godot 

Um domingo típico de inverno, embora ainda seja Outono. Triste e húmido. Não quero notícias. Recuperei uma cantiga que me veio à memória enquanto estou À Espera de Godot. Nestes momentos lembro-me desta cantiga.

Os eunucos
(José Afonso, in "Traz outro amigo também" 1970)

Os eunucos devoram-se a si mesmos
Não mudam de uniforme, são venais
E quando os mais são feitos em torresmos
Defendem os tiranos contra os pais 
Em tudo são verdugos mais ou menos
No jardim dos haréns os principais
E quando os mais são feitos em torresmos
Não matam os tiranos pedem mais
Suportam toda a dor na calmaria
Da olímpica visão dos samurais
Havia um dono a mais na satrapia
Mas foi lançado à cova dos chacais
Em vénias malabares à luz do dia
Lambuzam da saliva os maiorais
E quando os mais são feitos em fatias
Não matam os tiranos pedem mais

terça-feira, 4 de novembro de 2014

Contrastes 

Avô, vila, continua soberba mas nesta altura do ano, ou se calhar só hoje, parece envergonhada. A sua maior aptidão é receber gente e gente; servir-lhe sol e oferecer-lhe refrescantes banhos no rio nos estios que não tem sido como outrora; estender-lhe caminhos e calçadas e mostrar-se do castelo, que fundeiro se gosta altaneiro. Hoje o rio corre só, meio turvo e a fazer papel de criada de limpeza: leva folhas e galhos, terras e sacos de plástico, humilhado. Daí a vila sentir-se embaixo. Nem gente de fora nem residentes. Estas terras vão definhando porque não há estímulos; e não há estímulos porque não há razão para serem dados, diz quem decide. 

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