sexta-feira, 26 de junho de 2015
A força dos símbolos
A propósito das campanhas de África e das coisas com cheiro a bafio que, agora forçado a estar em casa, tenho encontrado em armários que vamos enchendo enchendo, anos a fio, com futilidades - há outros para as utilidades -, encontrei o crachá que individualizava a minha companhia. Sempre o usei, espécie de amuleto, mesmo e sobretudo quando envolvido em operações perigosas. E pedia aos soldados com quem partilhava trilhos, perseguições e surpresas da guerrilha que fizessem o mesmo. As "águias do leste", encostados às fronteiras do Zaire e da Zâmbia, sentiam-se assim um grupo coeso e identificado por este símbolo agregador.
Hoje até acho que o crachá tem beleza (desenhado por um soldado da companhia). Não tanto beleza intrínseca, mas uma beleza que vai muito para além do objecto. A ideia está lá. Foi capaz de juntar pretos e brancos, soldados, sargentos e oficiais à volta de um símbolo que a todos ultrapassava e nos fazia sentir águias, sobretudo quando voávamos, mais do que era expectável, após o rebentamento de alguma mina.
segunda-feira, 22 de junho de 2015
Galileu
Apesar das contrariedades que aqui e ali vão surgindo na vida de cada um, limitadoras da concretização de projectos e que páram mesmo a actividade mais que a vontade, a terra continua a girar, em torno de si e à volta do Sol, como Galileu sabia mas calou para escapar à fogueira da inquisição.
Por isso mesmo o relógio não pára, mesmo no caso deste, velhinho, que me acompanhou nas campanhas de África e que com o tempo que agora me sobra, retido em casa por mor de um aborrecida e dolorosa ciática, descobri numa caixa, dentro de outra caixa, num armário de velharias, que revisitadas trazem pó e marcas do tempo que já foi. E no entanto ela move-se! E eu com ela.
quinta-feira, 4 de junho de 2015
Sporting B (B de Benfica)
Afinal o Sporting tem um novo treinador muito caro, pago por quem? Estranhas tergiversações. Do treinador? Nã!
segunda-feira, 1 de junho de 2015
Sporting! Sporting!
Euforia pelo Sporting e pela enorme vitória ao conseguir conquistar a taça de Portugal. Falaram os adeptos vip. O Sporting, expurgado da rapaziada das claques, é um clube de vips. Não tem nada que se assemelhe ao seu rival mais directo na capital. O Benfica, como se sabe, é mais para tradicionais chefes de família, daqueles que arreavam (arreiam?) na mulher quando o seu amado clube perdia, o que acontecia amiudadas vezes. Bem, o Sporting veio dar novo fôlego a uma parte do país, da classe média para cima. E aos que desejam vir a subir na vida. Nada de pibs nem de dívidas. Detalhes que pouco interessam quando os leões estão na mó de cima. Pena que isto seja tão raro, mas então, a plebe tomou conta do campeonato cá por casa. A culpa é de um tal Cosme Damião, aluno da Casa Pia, que só poderia ter fundado um clube como o Benfica. Foi bom de ouvir um sportinguista ferrenho, com ambições de se tornar presidente de tão prestigiada agremiação dizer que tudo, e tudo é ter ficado no terceiro lugar do campeonato e ter ganho a taça a penaltis, tudo se deve ao actual presidente (do Sporting, recorda-se). O mesmo presidente que o ferrenho lagarto tudo fez para que não fosse. Interrogado sobre se o treinador na sua opinião deveria ficar ou deixar Alvalade (Alvalade vai da calçada de carriche ao campo pequeno), o indefectível dos verdes lá foi dizendo de forma assertiva, como é seu natural, que "não tenho opinião, isso é decisão do presidente". Tergiversações que noutras alturas e noutros contextos deram no que deram. Mas parece-me que no futebol não há regulador a quem depois recorrer, há?