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domingo, 24 de julho de 2016

Interlúdio (16) 

Adília Lopes, 2 poemas da Adília, a irreverente.



quinta-feira, 7 de julho de 2016

Interlúdio (15) 

A turma da Ericeira

A mesa foi desde cedo substituída por uma mais adequada para chegar para tantos. A cabeceira cabia ao Avô, o resto da distribuição era ao calhas.  O normal era sermos dez, que nas pachorrentas tardes de domingo, fazíamos arrastar o almoço pelo tempo que justificasse não ir à praia. Contava-se a semana anterior, falava-se do último Expresso, divergíamos nas soluções para o país, e acabávamos à sombra do alpendre em conversa com a vizinhança que ia chegando. Os miúdos faziam-se às costumeiras brincadeiras. Carrinho de esferas numa louca descida  da ladeira para o mais ousado e bicicleta para o mais cauteloso. Os adultos com pernas frescas davam longos passeios pelos trigais adjacentes que ainda não tinham sido tomados pela louca e desordenada construção que um tal presidente de câmara "apadrinhou". 
Hoje. Hoje, a casa ali está. Sem vida, abandonada. O Avô longe dela, numa capela, aguarda sem vida as últimas exéquias. O mais afoito, longe na Austrália, zangou-se com o país. O mais comedido, longe em Zurique, amuou com o país, vem de emergência. Uma das da mesa está a restabelecer-se de uma intervenção cirúrgica  de ontem, outra aguarda por segunda feira para uma intervenção menos agressiva. A Avó levita, tipo Magoo, entre o emaranhado de tanta confusão. 
A mesa não voltará a competir em barulho e risos com os inquilinos do fio telefónico que passa sobre casa. Aí bandos de pássaros ainda se juntam num chilrear já sem competição. A casa é quase deles. O Avô acabou ontem, e com ele um décimo de nós todos. Dos da mesa.

sábado, 2 de julho de 2016

Interlúdio (14) 

O Choque do Futuro 

Alvin Tofler morreu. Para ele significa nada. Para os que o admiram, admiravam?, significa muito. O nosso prof. Eduardo Lourenço diz que quando morre um dos nossos é como se morresse uma parte de nós e assim vamos morrendo aos poucos. Tofler anteviu os dias de hoje, na forma e no conteúdo. Na altura a gente lia e ria. Era ficção científica o que se lia em Choque do Futuro, dizia-se. Não era. Aí está esta  realidade com todo o esplendor da grandeza prevista. Quando o futuro de Tofler já é passado e vamos todos chegar a um tempo em que as máquinas farão tudo o que hoje sabemos fazer, com fortunas colossais para quem detiver os cordelinhos das novas "coisas" disrruptivas e o resto a viver de subsídios dados pela Administração. Subsídios que virão dos impostos que a empresas virtuais forem obrigadas a pagar, na parte não ocultavel. É esta velocidade de mudança que nos impedirá de ficarmos num patamar durante o tempo que nos era familiar. Daí ao caos é um o passo de um anão. Vou reler Tofler que há 40 e tal anos me pareceu um charlatão (e eu já andava pela tecnologia). Mea culpa.

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