quinta-feira, 21 de dezembro de 2017
Interlúdio (53)
Viver
Um livrito de aeroporto, One Minute Manager, fino de 30 páginas, que se lê numa viagem curta da Europa, teve uma enorme influência na minha maneira de entender as pessoas. A cada um segundo a sua maneira de estar; a vida pode ser vivida com felicidade de formas distintas. Corolário: ser feliz é estar de bem com a vida. Pois, é asim:
E assim
Com votos de Feliz Natal
sábado, 2 de dezembro de 2017
Interlúdio (52)
A degradação
Estou à frente de um ecrã de televisão, numa tarde de sábado que vai avançada. O sol já se foi e os 12 graus de máxima estão rapidamente a decair. Daqui a pouco estarão uns 5 ou 6. Frio sem chuva. Como eu, alguns milhares de portugueses estarão a ver um programa transmitido directamente de Portel, aqui já ao lado. A qualidade do programa, que ocupa toda a tarde, é tão deprimente que quase choro (penso que chorar assim é um dos sintomas de depressão). Uns artistas que, coitados, têm de ser grandes artistas para fazerem estas figuras. Atrás da cantadeira está uma e um a fazerem macacadas com os braços que balançam entre as dez para as duas e as duas e dez. Também dão uns saltos para a esquerda e para a direita. Sorriem todos, com uma expressão forçada. Uns calções justos não chegam para salvar a pobreza da prestação. No final uma apresentadora pede aplausos e pede telefonemas para um número que custa cêntimos e dá um automóvel. O programa segue depois com o presidente da câmara a recomendar o azeite, o mel, o vinho e a simpatia do nosso povo. Esta sequência de cantadeira, telefonema para sacar dinheiro e conversa sobre o mel e etc. repete-se por tempo monotonamente interminável. Que coisa degradada e degradante. Talvez amanhã seja diferente, com um longuíssimo filme de Bollywood, ela de casta superior e ele coitado não pertencendo à casta é formado por uma universidade inglesa, conheceram-se em Londres, e quando menos se espera vem música e dança a sublinharem o dramatismo das traições e tudo a acaba numa cabana da montanha. E eu aqui. Preguiçoso sem ser capaz de desligar a caixa que mudou o mundo. Lá fora faz frio. Faz mesmo, não se trata da música dos Xutos do malogrado Zé Pedro, que ainda vai parar ao Panteão, por este andar. E eu aqui sem desculpa, nem do frio.
Estou à frente de um ecrã de televisão, numa tarde de sábado que vai avançada. O sol já se foi e os 12 graus de máxima estão rapidamente a decair. Daqui a pouco estarão uns 5 ou 6. Frio sem chuva. Como eu, alguns milhares de portugueses estarão a ver um programa transmitido directamente de Portel, aqui já ao lado. A qualidade do programa, que ocupa toda a tarde, é tão deprimente que quase choro (penso que chorar assim é um dos sintomas de depressão). Uns artistas que, coitados, têm de ser grandes artistas para fazerem estas figuras. Atrás da cantadeira está uma e um a fazerem macacadas com os braços que balançam entre as dez para as duas e as duas e dez. Também dão uns saltos para a esquerda e para a direita. Sorriem todos, com uma expressão forçada. Uns calções justos não chegam para salvar a pobreza da prestação. No final uma apresentadora pede aplausos e pede telefonemas para um número que custa cêntimos e dá um automóvel. O programa segue depois com o presidente da câmara a recomendar o azeite, o mel, o vinho e a simpatia do nosso povo. Esta sequência de cantadeira, telefonema para sacar dinheiro e conversa sobre o mel e etc. repete-se por tempo monotonamente interminável. Que coisa degradada e degradante. Talvez amanhã seja diferente, com um longuíssimo filme de Bollywood, ela de casta superior e ele coitado não pertencendo à casta é formado por uma universidade inglesa, conheceram-se em Londres, e quando menos se espera vem música e dança a sublinharem o dramatismo das traições e tudo a acaba numa cabana da montanha. E eu aqui. Preguiçoso sem ser capaz de desligar a caixa que mudou o mundo. Lá fora faz frio. Faz mesmo, não se trata da música dos Xutos do malogrado Zé Pedro, que ainda vai parar ao Panteão, por este andar. E eu aqui sem desculpa, nem do frio.